Falta de gasolina e etanol atinge 99% dos postos, diz Regran

Postos tiveram imensas filas para abastecimento, mas agora estão sem combustíveis. (Foto: Pedro Diogo)

Sem previsão de normalidade, o ABC chega ao quinto dia da greve dos caminhoneiros com 99% dos postos de combustíveis sem gasolina e etanol, sendo apenas 20% ainda com diesel, segundo o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo). A falta de abastecimento afetou a circulação de ônibus, suspensão de aulas em universidades e interrupção nas linhas de produção em montadoras de automóveis.

Presidente do Regran, Wagner de Souza atesta a situação de calamidade e aponta que a normalidade dos serviços não será imediata. “Diria que 99% dos postos de combustíveis não contam com gasolina e etanol, enquanto 20% ainda têm diesel. E quando a greve acabar, serão necessários quatro ou cinco dias para que a situação seja normalizada nos 420 postos no ABC, porque não há como resolver tudo em um dia”, projeta.

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Na madrugada desta sexta-feira (25), era comum observar ônibus municipais abastecerem em postos comerciais, devido à falta de combustível nas garagens. Houve redução de frota nas ruas em Santo André – exceto da Suzantur –, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires. Por outro lado, os coletivos de São Bernardo e São Caetano operaram normalmente.

Os governos de Santo André e São Bernardo confirmaram que os serviços de coleta de resíduos sólidos operam em esquema especial a partir desta sexta-feira, a fim de garantir o atendimento. Por sua vez, Diadema comunicou que os ecopontos estarão fechados a partir de segunda-feira (28). Em Ribeirão Pires, há registro de escassez de combustível em todas as áreas da administração municipal.

Antes dos postos de combustíveis secarem pelo ABC, longas filas para abastecimento de veículos eram comuns pelas ruas até esta quinta-feira (24). No dia seguinte, o cenário foi o oposto, com pontos fechados. A situação também preocupa empresas de táxi, cuja maioria da frota opera por meio de gasolina e etanol, exceto quem usa GNV (gás natural veicular), encontrado normalmente.

Mesmo com acordo anunciado na quinta-feira pelo governo do presidente da República, Michel Temer (MDB), com representantes dos caminhoneiros pela suspensão da greve 15 dias, a paralisação seguiu em vários pontos do país. Em São Bernardo, ainda havia ocupação na rodovia Anchieta.

Em pronunciamento no Palácio do Planalto ao ver que o acordo não encerrou as paralisações, Temer comunicou o uso das forças federais para desbloquear estradas ocupadas por caminhoneiros. Após a fala do presidente, a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) demonstrou preocupação com o risco de conflito e pediu as retiradas das interdições nas rodovias, mas com a manutenção das manifestações de forma pacífica.

Universidades

A greve dos caminhoneiros também afetou o cotidiano das universidades no ABC. Em nota, a USCS (Universidade de São Caetano do Sul) informou que manteve as aulas de quinta e sexta-feira, porém, sem controle de presença. Por outro lado, as provas de DP (dependência), previstas para sábado (26), não ocorrerão e serão transferidas para uma nova data.

Já a Fundação Santo André comunicou o cancelamento das aulas na sexta-feira, inclusive encerrando o expediente administrativo desde 14h, e no sábado. A Universidade Metodista São Paulo afirmou que as atividades ocorrem normalmente nos três campi, com professores e alunos instruídos a realizar todas as tarefas programadas no calendário curricular do semestre.

Montadoras

De acordo com o SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), três montadoras suspenderam as atividades por falta de peças, concedendo licença remunerada aos trabalhadores. Desde quarta-feira (23), a Volkswagen e a Ford interromperam as produções, enquanto a Scania tomou a mesma medida no dia seguinte. Por ora, a Mercedes-Benz ainda segue normalmente, em função da greve de 10 dias por reposição salarial, encerrada nesta quinta-feira.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) novamente demonstrou preocupação com a greve dos caminhoneiros e que há fábricas que já pararam suas linhas de montagem. O presidente da entidade, Antonio Megale, disse anteriormente que se a paralisação persistir até o fim de semana, torna-se certo a interrupção das atividades de produção, resultando em quedas de vendas e exportações de veículos.

Aeroportos

Para quem precisa embarcar em voos domésticos e internacionais, a situação segue normal na ponte aérea. De acordo com a Infraero, o Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, recebeu combustível na noite de quarta-feira, tendo assim capacidade de abastecer as aeronaves programadas para decolar durante todo o fim de semana. Por sua vez, o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, conta com queroduto, que transporta querosene de aviação diretamente de uma refinaria da Petrobras.

 

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