
Mesmo com o filho e prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), preso há 15 dias na superintendência regional da PF (Polícia Federal), em São Paulo, o presidente da Câmara dos Vereadores, Admir Jacomussi (PRP), reafirma a candidatura a deputado estadual. A aposta do parlamentar é na soltura do socialista a fim de focar na eleição de outubro.
Preso preventivamente, Atila é investigado na Operação Prato Feito, que apura a atuação de um cartel de empresas em 30 cidades paulistas com esquema de fraudes e superfaturamento nos serviços de merenda, uniforme escolar e materiais didáticos. O prefeito foi conduzido à sede da PF pela apreensão de R$ 87 mil em sua residência, sem origem esclarecida.
Diante da prisão do prefeito, tanto integrantes do governo como vereadores da base aliada colocaram em xeque a candidatura de Admir à Assembleia Legislativa. Tal avaliação transcorria pelo abalo emocional do chefe do Legislativo ao ver o filho na cadeia e pelas consequências eleitorais do cárcere e das suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Um dos motivos para Admir manter a pretensão eleitoral é a confiança na soltura do prefeito. “Não desisti em nenhum momento da minha candidatura a deputado estadual. O Atila voltando, vamos conscientizar a população sobre o que ocorreu, até porque o povo de Mauá clama pela volta dele, devido ao trabalho para as pessoas e regiões mais carentes”, diz.
Entretanto, as palavras do presidente do Parlamento são claras que a futura candidatura ao Legislativo estadual depende unicamente do retorno do filho a Mauá. A esperança para Admir é que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, relator do pedido de habeas corpus, conceda o alvará de soltura do prefeito nos próximos dias.
De acordo com o site do STF, Gilmar Mendes iniciou desde terça-feira (22) a análise do pedido de habeas corpus, impetrado pelo advogado do prefeito, Daniel Bialski, na semana passada. O ministro solicitou informações ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e à 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que mantiveram a prisão do prefeito.
A decisão de Gilmar Mendes é decisiva tanto para as pretensões eleitorais de Admir como para sustentabilidade do governo Atila. Vereadores da base aliada esperam pelo parecer do STF quando à liminar de soltura, para que o prefeito licenciado retorne ao comando no governo, hoje ocupado interinamente pela vice-prefeita Alaide Damo (MDB).
Internamente, vereadores da base aliada dizem que a manutenção de Atila na carceragem na superintendência da PF via decisão de Gilmar Mendes pode ser o início de um abalo maior na sustentação do governo. O cenário ainda a favor do socialista poderia mudar, apesar da licença de 30 dias aprovada no Legislativo, contados a partir desta quarta-feira (23).
Desde a prisão de Atila, figuras próximas ao ex-prefeito Leonel Damo (sem partido), marido de Alaide, já são especuladas para o secretariado, em situação de efetivação da vice-prefeita no comando da Prefeitura de Mauá. Por ora, as movimentações ocorrem com cautela, para um caso de reversão da prisão preventiva do prefeito via STF.