Após as acusações referentes às más condições estruturais e problemas de cuidado com os atendidos, denunciados pelo Conselho Tutelar ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o presidente do Projeto Jeda (Juventude Esperança do Amanhã), Roberto de Carvalho, afirmou, em carta aberta, que parte das denúncias é “infundada”.
“Devido às denúncias, muitas delas infundadas, que temos enfrentado durante os últimos meses quanto aos atendimentos que oferecemos às crianças e adolescentes, resolvemos apontar alguns temas para reflexão, os quais consideramos de suma importância para nossos amigos e voluntários desta obra que é de Deus e para qual temos feito o melhor e oferecido o que temos de mais precioso: nossos tempo e nossa dedicação de risco social e pessoal, assim como de suas famílias, no município de Santo André”, iniciou Carvalho.
Em outro momento, Roberto de Carvalho fala sobre os problemas, mas sem falar diretamente sobre os mesmos e suas resoluções. “Não somos perfeitos, mas sempre procuramos desenvolver nosso trabalho da melhor maneira possível. A diversidade de problemas enfrentados no dia a dia e a complexidade que é lidar com crianças e adolescentes desprovidos das necessidades básicas materiais, com problemas psicológicos, drogadição, tornam este trabalho desafiador e passível de se cometer erros (sic)”.
No final, Roberto Carvalho pediu para que os colaboradores continuem “a prestigiar” o Jeda “que há 34 anos tem prestado importantes serviços na formação de crianças e adolescentes e no apoio às suas famílias. Não permitam que venham macular uma história tão bonita e importante para Santo André como a da Associação Civil Projeto Juventude e Esperança do Amanhã”.
Para relembrar
As denúncias foram divulgadas durante a reunião do CMDCA, em fevereiro. Os relatos apontam problemas com as estruturas das três casas Saicas e maus-tratos aos acolhidos pela instituição. A inscrição do Jeda chegou a ser cancelada, porém uma liminar foi concedida e a entidade voltou a receber valores repassados pela Prefeitura de Santo André. Outras acusações geraram dois processos que seguem em segredo de Justiça. A ata do encontro do Conselho Municipal acabou cancelada.
Em março, em reunião extraordinária, outras denúncias foram divulgadas em uma reunião extraordinária. Entre os pontos que mais chamaram a atenção estavam os relatos de que a coordenadora do Jeda, Maria Keiko Sakaragui, “obrigava” as crianças e adolescentes a frequentarem a Igreja Católica, mesmo que sua formação fosse de qualquer outro segmento religioso.
Ex-funcionárias relataram problemas com Maria Keiko, em situações que consideram como “descaso” da coordenadora, principalmente em torno dos problemas estruturais e com os atendidos que foram relatados à coordenação.
No relatório de Janete Regina Gomes, assistente social do Instituto de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC, os jovens acolhidos pelo Jeda receberam atendimento médico e psicológico por serem “vítimas de maus tratos e negligência” e que os principais motivos para o encaminhamento médico foram “problemas de desenvolvimento nutricional, depressão, ideação suicida e dificuldade de aprendizagem”. Quando for emitido o relatório da reunião, o Jeda terá 30 dias para responder as acusações.