O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), acusou seus antecessores Donisete Braga (2013-2016) e Oswaldo Dias (2009-2012), ambos do PT, de desviarem verbas públicas de R$ 17 milhões, destinadas ao Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini. A declaração ocorreu na quarta-feira (7), durante posse do novo secretário de Saúde, Ricardo Burdelis. Os petistas, porém, dizem que chefe do Executivo tentou desviar foco.
Segundo Atila, as irregularidades com os recursos públicos vêm desde o início da operação da FUABC (Fundação do ABC) na gerência do Nardini, em 2010, durante a gestão Oswaldo. Em 2013, o equipamento teve a liberação de R$ 6,5 milhões pelo Estado, para investimentos e obras de readequação e revitalização do espaço físico do PS (Pronto-Socorro) da unidade hospitalar, entregue apenas em dezembro do ano passado.
“Notificamos o TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo). Inclusive, a Prefeitura de Mauá faz as obras com recursos próprios para que (a verba) não tenha de ser devolvida. E vamos entregar todas as obras, como entregamos o PS do Nardini. Em 40 dias, entregaremos uma nova UTI (Unidade Terapia Intensiva), um novo refeitório e cozinha e, até o fim dessa gestão, uma unidade neonatal no hospital”, disse o prefeito.
Ao tomar conhecimento das declarações, Donisete interpretou as palavras de Atila como estratégia de desviar o foco dos problemas na saúde pública da cidade. “Desvio de dinheiro é roubo. Ele vai ter de provar essa acusação. Mas estou muito tranquilo, pois o TCE-SP aprovou as minhas contas de 2013 a 2015. Essa denúncia é falta de experiência dele em governar Mauá, porque não tem coragem de assumir as suas responsabilidades”, retrucou.
Em seguida, Donisete afirmou que seu sucessor não dá créditos à gestão passada pelas entregas de obras da Saúde. “Ele divulga que inaugurou o PS do Nardini, mas em sã consciência nenhum gestor conseguiria fazer essa estrutura, que concluímos 80%, em um ano. A (reinauguração) da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Zaíra é a mesma coisa”, complementou.
Com uma linha de raciocínio semelhante ao correligionário, Oswaldo considerou as palavras do socialista um “jogo político”. “Acho que ele (Atila) confunde as coisas. Primeiro que não tivemos desvio de verba no meu governo. Segundo que houve uma administração depois da minha. Então ele está equivocado. Isso se deve à dificuldade dele em administrar a Saúde de Mauá”, avaliou.
FUABC
Em meio às discussões entre prefeito e ex-prefeitos, Mauá está em vias de definir as negociações com a FUABC. Publicamente, Atila adota um discurso duro contra a organização, ao dizer que não houve cumprimento de suas obrigações contratuais. Internamente, porém, tanto integrantes do governo como da entidade regional sinalizam para o aditamento contratual, redução dos repasses mensais e manutenção dos serviços.
Pelo atual contrato, assinado em 2015 por Donisete, a FUABC não apenas administra o Nardini, como também oferece mão de obra para 23 UBSs (unidades básicas de saúde), quatro UPAs (unidades de pronto atendimento) e outros serviços da saúde pública. Hoje, o governo tem compromissos mensais de R$ 15 milhões com a organização, mas tal valor deve cair para R$ 12 milhões, a partir do novo acordo.
Para concluir as tratativas, Atila prorrogou na semana passada o atual vínculo por um mês. Conforme normas desse convênio, a Prefeitura de Mauá e a FUABC podem prorrogá-lo por 60 meses a partir da assinatura do contrato, portanto, o vínculo pode ser renovado ao prazo limite em 2021. Um dos pontos pendentes para o consenso é o passivo de Mauá com a Fundação, que reivindicou R$ 123 milhões, mas o governo calculou R$ 38 milhões, com possibilidade de reduzir ainda mais o débito.