Mesmo com a reforma administrativa, sob discurso de economia do dinheiro público, o governo do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), ampliou os gastos com a folha de pagamento a servidores municipais da administração direta. Em comparação entre janeiro de 2017 ao mesmo mês deste ano, as despesas com remuneração base subiram de R$ 29,6 milhões para R$ 31,4 milhões, uma variação de 5,9% a mais nos cofres da cidade.
Em janeiro de 2017, a Prefeitura de São Caetano contabilizou 5.497 servidores públicos, entre comissionados (por indicação) e estatutários (contratados via concurso público). O quadro de pessoal também subiu, caso haja a comparação com o primeiro mês deste ano. Segundo o Portal da Transparência, o governo sustentou 6.159 funcionários públicos, aumento de 12% das vagas ocupacionais.
O governo do antecessor Paulo Pinheiro (PMDB), no último exercício em 2016, registrou em janeiro 5.656 trabalhadores, número superior a Auricchio no primeiro mês de seu terceiro mandato. Entretanto, o peemedebista contabilizou em dezembro daquele ano, 5.586 servidores, enquanto o seu sucessor, no mesmo mês do exercício seguinte, já o superava com 5.810 funcionários.
Auricchio também superou Pinheiro em gastos líquidos com a folha salarial – com descontos trabalhistas. Durante todo o ano de 2017, o tucano usou dos cofres públicos R$ 213,1 milhões – que chegam aos valores base de R$ 299,1 milhões – com a mão de obra. Por sua vez, o peemedebista, em 2016, registrou gasto líquido de 208,5 milhões. O Portal da Transparência não informa os cálculos brutos – sem os descontos – desse exercício.
Em relação à majoração dos gastos com pessoal, chama a atenção que Auricchio não aplicou, em 2017, aumento real ou reposição da inflação nos salários dos servidores.
O cenário de ampliação de gastos públicos contradiz o discurso de austeridade de Auricchio pela reforma administrativa, quando tramitava na Câmara dos Vereadores. “Temos na ordem de extinção de 300 cargos e criação em torno de 30. Um saldo de 270 postos de trabalho, o que deve gerar uma economia de R$ 20 milhões por ano”, disse o prefeito sobre a reorganização interna, ao RDtv, em agosto.
As novas normas da reforma administrativa são previstas na lei 5.546, de agosto de 2017. Portanto, comparando o número de cargos efetivos de setembro do ano passado com janeiro de 2018, entre as seis instituições que compõem a administração indireta, o quadro caiu de 1.375 para 1.027 funcionários. Por sua vez, a Prefeitura de São Caetano, no mesmo período, saltou de 5.822 para 6.159 postos de trabalho. Na prática, a redução foi de apenas 11 ocupações.
Antes, em um vídeo publicado na sua página pessoal do Facebook no dia 7 de junho de 2017, Auricchio disse que o “ajuste econômico” foi realizado no quadro de funcionários. “É doloroso, não há satisfação em mandar alguém embora, mas a Prefeitura foi obrigada a fazer um grande corte. Foram perto de 2 mil pessoas que se desligaram da Prefeitura, infelizmente estava fora da perspectiva orçamentária da cidade”, afirmou na ocasião.
Os principais pontos da reforma administrativa foram a extinção da Fumusa (Fundação Municipal de Saúde) – cuja folha de pagamento em 2017 foi de R$ 14,2 milhões –, criação da Controladoria Geral do Município e a mudança de nome e atribuições do Dae (Departamento de Água e Esgoto), que passou a ser chamado de Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental).
A Prefeitura de São Caetano foi procurada para explicar o aumento dos gastos públicos e para que elucidasse quantos comissionados há no governo, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.