Mesmo fora de risco região se assusta com febre amarela

(Foto: Pedro Diogo)

Medo de contaminação da febre amarela e filas gigantescas por vacinas deixaram os sete municípios do ABC em alerta. Dessa forma, todas as prefeituras da região já reforçam treinamentos de equipes em unidades de saúde, visando a campanha de vacinação a partir do dia 25, antecipada pela segunda vez, nesta quinta-feira (18), pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, para 54 cidades.

Nesta quinta-feira, o RD esteve na US (Unidade de Saúde) do Centro de Santo André, um dos pontos de vacinação contra a febre amarela na cidade e com uma fila acima de 500 pessoas. No local, havia munícipes que estavam à espera desde a tarde do dia anterior, para pegar uma das 300 senhas da vacina na manhã seguinte. Quem não teve esse teste de persistência e não enfrentou a noite e o cansaço na fila, ficou sem a dose.

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O retrato em Santo André se repetiu em outros municípios do ABC. No mesmo dia, a UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila São João, em Mauá, teve um princípio de confusão, uma vez que nem todos conseguiram as 300 senhas para vacinação. Também há relatos de moradores de São Bernardo que buscam postos de cidades vizinhas, porque não conseguem a dose nos serviços locais.

Coordenador do GT (Grupo de Trabalho) no Consórcio Intermunicipal Grande ABC e Secretário de Saúde de São Bernardo, Geraldo Reple reconheceu a necessidade de ações preventivas, embora ressalte que o ABC não seja uma área endêmica. “A nossa região ainda não é de risco, mas a ideia é que ocorra uma proteção prévia. Por isso, a vacinação é importante que aconteça agora. Hoje, temos pessoas que foram para regiões de risco e ficaram doentes”, resumiu.

Dois dias após a OMS (Organização Mundial da Saúde) considerar o Estado de São Paulo como área de risco da febre amarela, o GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) do governo paulista se reuniu com representantes das secretarias municipais de Saúde da região, nesta quinta-feira (18), no Consórcio Intermunicipal. O objetivo do encontro foi repassar orientações para a campanha de vacinação contra a febre amarela, que vai até o dia 17 de fevereiro.

“O Ministério da Saúde já fez estudos provando que a dose fracionada é eficaz. Então a partir do dia 25, será iniciada uma campanha em 54 municípios (da Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista) para vacinar toda a população. Para isso, as unidades de saúde vão abrir de manhã até a tarde e teremos dois dias D (de vacinação), 3 e 17 (de fevereiro) em todos os postos”, afirmou Reple (foto).

O secretário de Saúde de São Bernardo também cita que em 2016, cerca de 3 mil pessoas tomaram a vacina contra a febre amarela na cidade, número que passou para 15 mil no ano seguinte. Até o momento em 2018, 1,8 mil pessoas já tomaram a dose para imunização da doença. A partir do dia 25, todas as 34 UBSs do município disponibilizarão cerca de 800 mil doses fracionadas da vacina.

Por sua vez, a Prefeitura de Santo André inicia, no dia 27 – um sábado –, um mutirão de vacinação contra a febre amarela, para contemplar as pessoas que precisam ser imunizadas, mas não podem procurar as unidades durante os dias úteis. Durante a campanha, todos os postos andreenses fornecerão a vacina sem necessidade de senhas, a exemplo também de Mauá e Diadema. Já Ribeirão Pires definirá as ações nos próximos dias.

Antes, doe sangue

Em meio à espera crescente pela procura de vacinas contra a febre amarela, Reple faz um pedido aos moradores: antes, doem sangue. O responsável pela Pasta teme pela queda de estoque, que pode prejudicar a quem precisa da transfusão. “Quem toma vacina, precisa ficar 30 dias sem doar sangue. Então faço um apelo a quem for tomar a vacina: doe sangue antes. Porque sem esse contingente, teremos problemas grandes”, alertou.

Senhas esgotam no posto de Santo André

Chegar de madrugada, esperar para retirar a senha e acalmar os ânimos na hora de tomar a vacina contra a febre amarela, após passar a noite em claro. Essa é uma realidade na US (Unidade de Saúde) do Centro de Santo André, para quem quer se prevenir contra a doença. O posto disponibilizou 300 senhas por ordem de chegada, às 17h de quarta-feira (16), mas até 0h, estavam esgotadas.

Sem fila preferencial, Maria Montenegro, de 70 anos, estava em pé de bengala às 5h manhã desta quinta-feira (18), na US Centro, sem expectativa de voltar cedo para casa. A aposentada comentou que precisa tomar a dose, porque está com medo.

A maioria das pessoas na fila relatou que estava lá porque viajaria a lugares considerados de risco pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Esse é o caso de Tatiane Magalhães de Oliveira, 38 anos, e Cristiano de Oliveira, 40, que vão a trabalho para Atibaia, interior paulista na próxima semana, e querem antes se prevenir.

Algumas pessoas estavam acompanhadas pelos filhos ou netos, como é o caso de Ana de Jesus Mendes, 59 anos, moradora de Santo André, na fila desde as 23h30 de quarta-feira, com o objetivo de conseguir a vacina para as netas. “Eu e meu esposo tomamos, agora é a vez delas, que vão a Mairiporã com a gente”. De 300 senhas, a costureira era a número 242.

Apesar de Santo André não ser uma cidade considerada área de risco, segundo a Prefeitura, Fernanda Moreira está preocupada com o filho de dois anos para conseguir a dose. A designer estava na fila e deixou o filho com avó, até chegar a vez de ser atendido.

Em meio a cansaço, irritação e dificuldade de tomar a vacina contra a febre amarela, o morador de São Bernardo Francisco Antônio Vidal, 39 anos, optou em tomar a vacina na US em Santo André, porque o local onde reside, próximo à represa do Riacho Grande, teve um caso de suspeita da doença. 

(Colaborou Julia Natulini)

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