Vasco critica ‘perícia apressada’ após Justiça tirar vitória de Eurico em eleição

O Vasco soltou uma nota oficial, no final da tarde desta terça-feira, para se posicionar em relação a mais um capítulo da novela que se tornou a última eleição presidencial do clube. Na última segunda, em mais uma reviravolta, a desembargadora Marcia Alvarenga, da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, invalidou os votos da urna 7 do pleito, que foram decisivos para reeleger Eurico Miranda. E a nova decisão recolocou a chapa de Julio Brant, da oposição, em primeiro lugar na eleição, assim como já havia ocorrido anteriormente em uma decisão inicial da Justiça, que depois foi revertida pela atual gestão vascaína antes desta nova decisão de segunda-feira.

Mais uma vez se colocando como vítima das decisões da Justiça, o clube voltou a defender que os 475 votos desta polêmica urna, que deram vitória maciça a Eurico, diferentemente do que ocorreu em todas as outras urnas, foram legítimos e dados por meio de sócios que estariam em situação regular para participar da eleição. E a diretoria vascaína ainda foi além ao dizer que a perícia realizada nesta urna 7, que serviu como base para a última decisão da Justiça, foi realizada de forma “apressada”.

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“Uma instituição centenária como o Club de Regatas Vasco da Gama não merecia ser objeto de disputa como a que está ocorrendo agora na Justiça do Rio de Janeiro a respeito das eleições para o Conselho Deliberativo do clube. Porque a forma como está sendo colocada traz enormes prejuízos à instituição. E pelo que se tem visto, não importa muito se os preceitos da Justiça estão sendo respeitados. Essa é a única forma de ver a esdrúxula situação a que o Vasco está sendo submetido, quando se inverte a máxima de que o ônus da prova cabe ao acusador”, afirmou o Vasco, por meio da nota oficial assinada pela sua diretoria.

Na última segunda-feira, ao justificar a sua nova decisão, a juíza Marcia Alvarenga ressaltou que, “apesar da atual administração ser a maior interessada na produção da prova referente à regularidade social dos 475 sócios votantes na urna 7, sequer apresentou qualquer comprovante de pagamento individual dos sócios gerais, para aquisição dos títulos patrimoniais, a fim de demonstrar que os mesmos estavam regularmente inscritos no quadro social do clube, o que não seria difícil obter junto à empresa gerenciadora de seu banco de dados e cobrança”. Em seguida, ela ainda apontou: “Muito pelo contrário, limitou-se a apresentar, tão somente, balancetes globais e algumas fichas de inscrição, não suficientes para espancar as dúvidas quanto à existência de eventual fraude a macular a eleição sub judice”.

E esta nova decisão da Justiça também ocorreu uma semana depois de uma perícia técnica simplificada desta polêmica urna 7 confirmar a tese de que sócios votaram de maneira irregular na eleição encerrada na madrugada do dia 8 de novembro, em São Januário. No laudo que foi entregue à Justiça no último dia 11 de dezembro, o perito Luiz Alberto de Azevedo Leite apontou que os documentos apresentados pelo clube não comprovam o pagamento de mensalidades por parte dos sócios que acabaram votando a favor de Eurico.

De acordo com o laudo produzido pelo perito, não há evidências técnicas-contábeis da regularidade dos sócios que votaram nesta urna 7, sendo que, ao todo, 475 pessoas participaram em separado do pleito, pois estavam sob suspeita de fraude. Todas estas pessoas ingressaram no quadro associativo do Vasco entre novembro e dezembro de 2015, prazo final para que se tornassem aptos para a eleição.

O Vasco, porém, reafirmou nesta terça que possui “informações oficiais capazes de provar que todos os sócios pagaram suas mensalidades e por isso tiveram direito ao voto”. “Demonstramos isso administrativamente, contabilmente, matematicamente”.

Em seguida, o clube desqualifica a eficiência da perícia que foi realizada na urna 7, cujos votos acabaram sendo invalidados na decisão que a Justiça anunciou na última segunda-feira.

“Convencida pelos resultados de uma perícia apressada, sem o devido rigor científico e – vale ressaltar – sem o prometido direito aos devidos complementos que fossem solicitados ao clube pelos peritos, a desembargadora Márcia Ferreira Alvarenga, da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, manteve a suspensão dos votos de 475 pessoas que se associaram ao Vasco da Gama, no final do ano de 2015”, afirmou o Vasco, que ainda apontou que alguns votos desconsiderados também foram dados por alguns sócios cujas categorias são de não pagantes de mensalidades.

“Atropela-se assim o direito legítimo, constitucionalmente assegurado, que cada brasileiro tem de escolher seus representantes livremente. A Justiça parte da premissa de que todos os votos depositados na urna 7 são irregulares. E, pasme, mesmo aqueles dirigidos aos outros candidatos, o que revela a inconsistência da análise. E estariam irregulares por falta de pagamento até os das categorias não pagantes”, finaliza a nota.

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