Santo André prevê dobrar verbas com IPTU, mas cria tetos de aumentos

Após projetar aumento de arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em até 118,18% entre os orçamentos de 2017 e 2018, o governo do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), garante que não haverá novos reajustes nos carnês até 2021, exceto por reposições da inflação ao longo desse período. A gestão tucana culpa a defasagem deixada pelas administrações anteriores para casos de majoração tributária.

Em meio às reclamações de moradores e da oposição aos futuros valores do IPTU, o secretário de Gestão Financeira, José Carlos Grecco, e o superintendente da Unidade de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Leandro Petrin, concederam entrevista nesta quinta-feira (23/11) no salão nobre do Paço. Nas falas dos representantes do governo, predominou a defasagem na PGV (Planta Genérica de Valores), desatualizada desde dezembro de 2002.

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Segundo o Portal da Transparência, a Prefeitura de Santo André espera receber no próximo exercício até R$ 581,1 milhões de receita por meio do tributo, ante os R$ 266,3 milhões deste ano. “Não haverá nenhum outro aumento de tributo em Santo André neste mandato. Hoje, o que é colocado é para os três anos seguintes deste mandato e ao ano seguinte (2021) do próximo mandato, cabendo ao futuro prefeito fazer a (nova) análise da PGV”, afirma Petrin.

O governo afirma que se aplicasse todo valor defasado para cobrança de IPTU em Santo André, haveria casos de moradores que teriam um aumento de 1.500% nos carnês, que serão emitidos em janeiro. Diante do impasse, Serra encaminhou para apreciação à Câmara dos Vereadores o projeto de lei que estabelece o teto no aumento do imposto para casas (50%), apartamentos (60%), comércios (60%), garagens (60%), indústrias (70%) e terrenos (80%).

Grecco pontua que a Administração somente terá a definição dos novos valores dos 220 mil carnês a partir da aprovação desse projeto no Parlamento. Por essa razão, o governo ainda assegura que não é garantida que a previsão de arrecadação de imposto permaneça em R$ 581,1 milhões. “Esse valor ainda não está contemplado por esse limitador. Então a gente terá de rever esse valor, possivelmente fazendo contingenciamento no início do ano”, explica.

O secretário ainda admite que, neste ano, a gestão terá 20% de inadimplência de IPTU, apesar dos proprietários de residências, empreendimentos comerciais e terrenos já desembolsarem R$ 263,7 milhões, montante que representa 99% da quantia prevista no atual Orçamento. “O valor que vai no Orçamento não é o valor total de lançamentos (de carnês). Quando faço o Orçamento, calculo o valor total que a cidade poderia arrecadar com IPTU, desconto a inadimplência. Em 2016, foram lançados R$ 308 milhões (de R$ 265,4 milhões previstos na peça orçamentária)”, aponta.

Outro apontamento dos dois representantes do Paço para justificar a majoração do IPTU é o equilíbrio das contas públicas. A gestão municipal alega que acumula R$ 325,2 milhões de dívidas de curto prazo, R$ 1,7 bilhão de dívida de precatórios (ambos dados de dezembro de 2016) e uma R$ 1,5 bilhão de estimativa de precatórios do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), o que faz que cada morador de Santo André tivesse uma dívida de R$ 4,9 mil.

A Prefeitura de Santo André também estabeleceu que os pagamentos do IPTU terão tipos de descontos no carnê. Um dos benefícios cabe a moradores que não possuem débitos com a administração terão descontos de 5% sobre o valor tributo, enquanto que munícipes que efetuarem a quitação à vista terão 10% de desconto. As alíquotas variam entre 0,15% (a partir de imóveis com valor venal de R$ 71,4 mil) e 1,8% (acima de R$ 1,6 milhão).

Alta no tributo não afeta empregos, diz Paço

Superintendente da Unidade de Planejamento e Assuntos Estratégicos de Santo André, Leandro Petrin assegura que a alta do IPTU em até 60% para estabelecimentos comerciais e 70% ao segmento industrial, prevista no projeto de lei no Legislativo, não resultará em desempregos. O responsável pelo setor diz ainda que a proposta de fomento para novos postos de trabalho será enviada aos vereadores até o começo de 2018.

“No ponto de vista da indústria, o IPTU não é o que mais atrapalha. Hoje, os impostos federais representam uma carga muito mais pesada ao setor. No comércio, a ideia é sim ter um segmento atuante e pujante. A cidade deixou de ser industrial para ser prestadora de serviço. O limitador de 60% é justamente para não desarranjar o comércio local”, afirma.

Imposto andreense será o mais elevado do ABC

Com a estimativa orçamentária do governo do prefeito Paulo Serra (PSDB) para 2018, Santo André pode ter a maior projeção de arrecadação de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) no ABC: R$ 581,1 milhões. A cidade supera os valores de outras quatro prefeituras da região para o próximo ano: São Bernardo (R$ 466,9 milhões), São Caetano (R$ 148,8 milhões), Diadema (R$ 239,4 milhões) e Mauá (R$ 89 milhões).

Maior cidade em índice populacional no ABC, São Bernardo estima receber em IPTU, até o fim de 2017, a quantia de R$ 396,9 milhões (arrecadou, até o dia 16/11, R$ 330,6 milhões). Com os últimos dados atualizados até esta terça-feira (21/11), Diadema projeta R$ 155,7 milhões (somou R$ 128,7 milhões ao erário), enquanto São Caetano espera por R$ 146,9 milhões (R$ 129 milhões) e Mauá conta com R$ 84,8 milhões (R$ 72,7 milhões).

Entre as cinco maiores cidades do ABC, Santo André também conta com maior percentual de aumento das receitas estimadas de 2017 a 2018: 118,18%. Por sua vez, São Bernardo contará com variação de 17,61% entre as projeções de IPTU no mesmo período, enquanto Diadema vislumbra com majoração de 53,80%. Já a variação em Mauá está em 5% e São Caetano é de 1,23%.

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