O governo do prefeito de Mauá, Atila Jacomissi (PSB), espera definir até fevereiro o novo modelo de gestão da FUABC (Fundação ABC) nos equipamentos de Saúde, ao término do atual contrato. Até lá, há a certeza de que o formato do acordo vigente não permanecerá, tanto na abrangência dos serviços por parte da entidade como no custo, hoje com o valor global de até R$ 186 milhões por ano.
A crise entre a Prefeitura e a FUABC se deflagra desde o começo do ano, com questionamentos sobre os valores e extensão dos serviços da entidade, por meio de contratos formalizados nas gestões dos ex-prefeitos Oswaldo Dias (2009-2012) e Donisete Braga (2013-2016), ambos do PT. Houve também o desejo de integrantes do governo Atila em restringir as ações da instituição apenas à gestão do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini.
Hoje, a FUABC oferece mão de obra também a 23 UBS (Unidades Básicas de Saúde), três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e outros serviços. “Precisamos ter um contrato que podemos pagar. E também é uma orientação do (presidente da FUABC, Carlos) Maciel fazer esse ajuste. O atual contrato termina em fevereiro e estamos analisando um novo modelo”, pontua o secretário de Governo, João Gaspar (PCdoB).
Nesse novo modelo de gestão na Saúde, a administração não descarta a contratação de novas parceiras, além da FUABC, aos demais equipamentos e atendimentos públicos. “O governo admite colocar novas OSSs (Organizações Sociais de Saúde), mas estamos discutindo esse assunto junto com a FUABC”, completa o responsável pela Pasta.
Demissões
Enquanto não chega a um novo contrato, o governo Atila já toma ações, muitas delas de forma unilaterais, segundo a FUABC. Ao RD, a entidade afirmou que atualmente tem 2.092 funcionários ativos nos serviços de Saúde em Mauá. Ainda de acordo com a instituição, de janeiro até outubro deste ano, foram promovidas 366 demissões e 270 admissões pelo Paço, sem o conhecimento da terceirizada.
Neste mês, a entidade justificou que, extraoficialmente, tomou conhecimento de mais 150 demissões, assim chegando a 516 funcionários desligados pelo governo. “Entretanto, a FUABC não foi informada até o momento sobre os motivos das demissões, de quem partiu essa ordem e nem sequer os nomes dos demitidos, que ainda não constam no sistema geral de Recursos Humanos”, informou em nota.
As ingerências do governo também surtiram efeito na administração do Nardini. Embora não declare isso publicamente, o atual superintendente do hospital, Vanderley da Silva Paula, já comunicou a Atila o seu futuro desligamento. Antes dele, o comando do equipamento passou neste ano pelas mãos pelo ex-secretário de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires Ricardo Carajeleascow. Já Renata Martello foi indicada, mas não chegou a assumir.
Outro fator para crise é a dívida que a FUABC cobra da Prefeitura de Mauá, já calculada em R$ 123 milhões. O governo Atila, por sua vez, não reconhece o débito, sob alegação de que a entidade fez empréstimos com o Paço como avalista e que há cobranças consideradas ilegais pelo departamento jurídico. Por ora, uma comissão formada pelos dois lados levanta um valor consensual.