Ata repete que perspectivas para inflação seguem evoluindo de maneira favorável

O Comitê de Política Monetária voltou a afirmar que a trajetória da inflação “continua evoluindo de maneira favorável”. Na ata da mais recente reunião do colegiado, os diretores do Banco Central notam que há riscos no cenário que podem influenciar a trajetória dos preços para cima, mas também notam que o ambiente ainda conta com fatores que podem ajudar a manter os preços em trajetória cadente. Ou seja, há influência positiva e negativa ao mesmo tempo.

“Os membros do Copom analisaram a trajetória da inflação ao longo deste e dos próximos anos e concordaram que as perspectivas para a inflação continuam evoluindo de maneira favorável”, cita o documento divulgado na manhã desta terça-feira, 12. Considerando as previsões para o juro e câmbio da pesquisa Focus, o BC calcula que a inflação terminará o ano em 3,3% e voltará a subir para 4,4% em 2018.

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Esse cenário tem riscos positivos e negativos para a inflação. De um lado, o BC nota que possíveis efeitos secundários da queda do preço de alimentos e da inflação de bens industriais constituem fator que influencia os preços para baixo. Ao mesmo tempo, eventuais mecanismos de transmissão inercial dos preços também podem influenciar os índices de inflação para baixo.

Por outro lado, o documento nota que eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes na economia brasileira “pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”. O risco de aceleração dos preços se intensifica caso haja reversão do cenário externo favorável para economias emergentes, diz o BC.

Alimentos

A queda dos preços de alimentos representou “uma substancial surpresa desinflacionária” no decorrer de 2017 e, por isso, “responde por parcela relevante” da expectativa para a inflação em 2017, que se aproxima do piso do regime de metas. Inédita, a argumentação do Banco Central consta da ata do Copom.

O parágrafo 15 do documento debate a dinâmica favorável dos alimentos que “persiste até o momento”. Os diretores do BC lembram que o preço dos alimentos caiu 5,2% nos 12 meses até agosto de 2017. Essa trajetória é completamente inversa à alta de 9,4% observada em 2016. A inversão da tendência, explica o texto, “representaria uma contribuição de mais de dois pontos percentuais para a desinflação ocorrida até agosto de 2017”.

A previsão para a inflação calculada pelo BC conforme variáveis previstas pelo mercado financeiro indica alta dos preços de 3,3% neste ano – perto do piso da meta que prevê alta de 4,5%, com mínimo aceitável em 3%. Pela explicação do BC, portanto, as estimativas para a inflação estariam em pelo menos 5,3% sem a desinflação dos alimentos.

Os diretores do BC reconhecem que havia expectativa de queda da inflação de alimentos neste ano na comparação com 2016, mas o Copom ressalta que a queda foi mais acentuada que o esperado, o que tem levado as previsões de inflação cada vez mais para baixo.

“Essa queda intensa dos preços de alimentos constitui uma substancial surpresa desinflacionária e responde por parcela relevante da diferença entre as projeções de inflação para 2017 e a meta de 4,5% vigente para esse ano”, cita o documento.

2018

Após a surpresa com a forte queda do preço dos alimentos, o Banco Central acredita que haverá “alguma normalização” em 2018. Na ata do Copom, os diretores do BC voltam a citar o risco de, diante da inflação próxima do piso da meta, ocorrer uma espécie de processo de “inércia desinflacionária”.

No parágrafo 16 do documento, os diretores do BC destacaram que as projeções de inflação para 2018 “tanto as da pesquisa Focus quanto as projeções condicionais do Copom embutem alguma normalização da inflação de alimentos”. A normalização é esperada após a queda de 5,2% no preço dos alimentos nos 12 meses até agosto de 2017.

O Copom reconhece, porém, que esse processo pode ser mais lento que o esperado, o que poderia influenciar novamente a inflação para baixo. “Uma normalização mais lenta constitui risco baixista para essas projeções”, cita o documento.

No parágrafo seguinte, os membros do Copom voltaram a citar a hipótese de inércia da inflação baixa. “A possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação corrente pode produzir trajetória de inflação prospectiva abaixo do esperado”, cita o texto. Para o Copom, portanto, há risco de uma espécie de inércia desinflacionária na inflação à frente.

Para os diretores do BC, a política monetária tem flexibilidade para reagir a riscos para “ambos os lados, tanto ao risco de que efeitos secundários do choque de alimentos e propagação do nível corrente baixo de inflação produzam inflação prospectiva abaixo do esperado”. Para o BC, o Copom também está preparado para reagir a eventual risco de “impacto inflacionário de um eventual revés do cenário internacional num contexto de frustração das expectativas com ajustes e reformas”.

Mesmo com esses riscos apontados sobre os alimentos e a inércia, os membros do Copom “ponderaram que a recuperação da economia atua no sentido contrário, de gradualmente levar a inflação em direção à meta ao longo de 2018.”

Nesse trecho do documento, o BC nota que a inflação mais baixa tem “permitido uma recomposição do poder de compra da população e contribuído para a retomada da economia”.

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