Os números e projeções do setor industrial na região do ABC, que serão divulgados no final de junho em estudo realizado pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), não devem ser animadores e podem registrar queda na atividade por conta do clima de incerteza, dada a atual situação política do País, que passa por nova série de denúncias e escândalos. Essa é a expectativa do coordenador dos estudos na Umesp, Sandro Maskio, que participou de entrevista na RDtv, nesta terça-feira (23).
O Dia da Indústria é comemorado na próxima quinta-feira (25), mas a atual conjuntura não favorece, e com isso, o setor não tem muito que comemorar. Com isso, a expectativa é que o próximo boletim da indústria da região, com análise conjuntural feita em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) apresente resultado desfavorável, diferente do apresentado no primeiro trimestre.
“A expectativa é que tenha recuo em função do cenário nacional. O ambiente de incerteza acentua a desconfiança e o empresário não tem clareza sobre o problema político”, avalia Maskio, acrescentando que diante desse clima o empresário deve esperar para ver o que acontece, fato que acaba desalinhando a possibilidade de crescimento.
O cenário atual vai em direção contrária ao que apontou o boletim da indústria com dados referentes ao primeiro trimestre de 2017 – comparado ao mesmo período do ano passado e também aos últimos meses de 2016 – que previa tendência de melhora, apesar de alguns dados negativos. Na oportunidade, a indústria de transformação apresentou recuo de 10,4% e 5,2% em 2015 e 2016 respectivamente, representando 10,12% do PIB nacional.
Na região do Grande ABC, em 2016, a indústria de transformação perdeu 15.711 empregos formais, segundo dados do CAGED, mantendo a trajetória de redução de empregos que se observa desde 2012. A região registrava pouco mais de 233 mil pessoas desempregadas, segundo o SEADE.

Apesar das informações que remetem à recessão do setor nos últimos anos, 2017 teve início apresentando, de acordo com o boletim, alguns indicadores um pouco melhores. Além disso, no trimestre compreendido entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE trouxe pequeno crescimento no País, comparado a igual período do ano anterior.
De acordo com Maskio, o estudo apontou na indústria da região redução no tamanho do volume de capacidade ociosa. Isto porque no final de 2016, o índice de capacidade produtiva era de 56% (44% de capacidade ociosa), e no início do ano, o número subiu para 64%, diminuindo a capacidade ociosa para 36%, que refletiu na melhora do fluxo produtivo e atividade econômica.
Entretanto, o docente aponta que no estudo sempre aparecem questões estruturais como carga tributária e juros reais elevados e falta de mecanismo de financiamento de longo prazo para o setor. “Isso depende da política industrial, que não está associada a questão regional, é federal. O que podemos fazer regionalmente, enquanto Estado de São Paulo, é pressionar o governo federal para que se estruture isso, e tenha uma boa política industrial de longo prazo”, afirma.