O ex-deputado federal Vanderlei Siraque deixou o Partido dos Trabalhadores (PT). A carta de desfiliação foi entregue no diretório partidário de Santo André na manhã desta quarta-feira (17). Junto com Siraque, outros três militantes também se desfiliaram, a ex-vereadora e primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Legislativo andreense, Silvana Silva, Valdir Pires da Hora (marido dela) e Vanilda Martins (aliada de Siraque).
Um dos motivos citados pelo ex-petista para sua saída da sigla foi a falta de apoio e espaço para disputa das eleições em 2018. Siraque ressalta que Santo André já tem pré-candidatos para pleitear vagas na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. “Não há espaço. Se eu disputar (uma vaga) com o Eduardo Leite ou com o Luiz Turco, na Assembleia, vamos morrer juntos na praia”, afirma.
Além disso, revela que o PT possui uma lista com pré-candidatos prioritários para estadual e federal e que seu nome não consta em nenhuma das duas. “Falaram que é apenas um ensaio, mas não estou lá. Me senti expulso pelo partido”, salienta.
O ex-deputado afirma que, mesmo fazendo parte da história do partido, nos últimos anos veio perdendo espaço dentro da sigla andreense por conta de disputas internas. Ele lembra que desde as prévias de 2007, o grupo perdedor se retirou da Administração e não apoiou sua candidatura durante a eleição municipal naquele ano.
Siraque garante que irá disputar as eleições de 2018, mas ainda não definiu por qual partido. “Vou sair candidato, mas não sei se para estadual ou federal. Estou avaliando algumas propostas e convites. Também serei coerente com minha história. Estarei em algum partido de esquerda e não falarei mal do PT”, ressalta. A maior possibilidade seria a filiação ao PCdoB.
Quanto à situação de sua esposa no partido – a vereadora de Santo André, Bete Siraque – garante que deve continuar na sigla. “Ela tem autonomia para tomar essa decisão. Existe a fidelidade partidária e defendo que ela continue em seu mandato”, diz.
Uma das maiores motivações para a saída de Siraque no PT é o relacionamento conturbado com o ex-prefeito Carlos Grana (PT). O ex-petista culpa a falta de apoio do Paço andreense em 2014 pelo fracasso de sua reeleição à Câmara dos Deputados, diferentemente do respaldo que o deputado estadual Luiz Turco, aliado imediato do ex-chefe do Executivo e vitorioso nas urnas há três anos, teria recebido.
Outro episódio de acirramento foi a decisão de Grana deixar Siraque fora da coordenação de campanha pela reeleição à Prefeitura de Santo André, em 2016. O ex-deputado teria encarado o gesto como sinal de isolamento por parte do grupo majoritário na gestão petista. No fim, Grana não conseguiu renovar o mandato por mais quatro anos, devido à derrota ao agora prefeito Paulo Serra (PSDB).
O presidente do diretório municipal do PT de Santo André, José Paulo Nogueira, salienta que recebe a carta de desfiliação de Siraque com tristeza, pois ele seria um dos nomes colocados para disputa eleitoral. “O PT de Santo André lamenta a saída dos quatro companheiros e companheiras (com Siraque incluso), mas temos certeza que eles continuarão ao nosso lado nas lutas progressistas e por um projeto maior, que é eleger o (ex-)presidente Lula em 2018”, comenta.
Sobre o PT nacional, o ex-deputado federal não vê grandes possibilidades de mudança com as modificações nas lideranças nos municípios, estados e no País. “São novos nomes, mas do mesmo grupo que já estavam. Mas torço para que o partido possa crescer. Não estou saindo com raiva e lá na frente podemos nos encontrar novamente em coligações, por exemplo”, disse o petista.