
A qualidade da marmita entregue aos funcionários das creches municipais de Santo André está sendo questionada e virou alvo de reclamações por parte de servidores. De acordo com funcionários que procuraram o Repórter Diário para fazer denúncia, já foram encontradas refeições azedas, estragadas e até mesmo com larvas.
Indignada com a situação, uma funcionária da creche Gonzaguinha, que pede para não ser identificada, afirma que tem recebido o alimento azedo. “As marmitas são feitas na noite anterior ou até mesmo na madrugada e ficam horas rodando em carros sem armazenamento adequado”, diz. A servidora acrescenta que, além da péssima qualidade, os alimentos chegam atrasados para os funcionários da manhã que trabalham até meio dia.
O mesmo acontece com funcionários das creches Vereador Cosmo do Gás (Sítio dos Vianas), Henfil (Jardim Santo André) e Emeief Machado de Assis (Parque Miami), que alegam ser obrigados a comprar almoço com dinheiro do bolso. É o caso de outra servidora – que também não quis se identificar – ao relatar que trabalha até 13h15 e almoça apenas quando chega em casa. “Quando temos que ficar até mais tarde sou obrigada a comprar comida de fora porque não dá para comer o que é fornecido pela Prefeitura”, lamenta.
A funcionária adianta ainda que quando reclamam da qualidade da alimentação na página do Facebook da Prefeitura ou até mesmo do prefeito Paulo Serra, os mesmos apagam os comentários e/ou publicações e continuam sem tomar providências sobre o assunto. “Já que o prefeito acha que a comida é de boa qualidade por que ele mesmo não come?”, questiona.
O servidor Rodrigo Gomes, que está à frente do movimento dos servidores, explica que o problema assola os funcionários há mais de um mês e que elaborou documento para o presidente da Câmara, Almir Cicote, com a solicitação de vale-refeição em troca das marmitas. “A Prefeitura gasta aproximadamente R$ 15 com cada refeição, nosso pedido é que façam a troca e paguem o vale refeição, que além de ajudar os trabalhadores fomenta a economia local e dá repasse de até 6% com os impostos para a Administração”, diz.
Rodrigo relata que já conseguiu reunir aproximadamente 1.000 assinaturas entre documento em papel e online, mas este número é simbólico, já que representa aproximadamente 11.500 trabalhadores de base. “No dia primeiro de junho participaremos da Tribuna Livre para chamar os trabalhadores a lutarem pela causa do vale refeição”, completa o funcionário.

Resposta da Prefeitura
A Prefeitura de Santo André informa que até meados do mês de março o fornecimento das marmitex era realizado pela empresa Provac Terceirização de Mão de Obra Ltda. A partir do dia 17 de março, devido à interrupção de forma inesperada na produção por parte da empresa, houve a necessidade de outra empresa, a Apetece Sistemas de Alimentação S/A, que já possuía contrato com a Craisa, assumir o fornecimento das refeições.
Diz ainda a nota, que em relação à presença de larvas, a empresa Apetece foi notificada sobre a ocorrência e a equipe de nutrição da Craisa solicitou providências. A prestadora dos serviços também foi notificada em relação aos atrasos nas entregas e a mesma se comprometeu a alterar os procedimentos internos em sua produção para adequar os horários de entrega.
A Prefeitura ressalta, ainda, que não está satisfeita com o serviço de fornecimento de alimentos prestado pelas terceirizadas e por isso está assumindo novamente o controle dos restaurantes, como já ocorreu no Paço e na unidade Guarará, entre outros. A ideia é até o final do ano não ter mais refeições terceirizadas, completa a nota da Prefeitura.
Contatada pela equipe do Repórter Diário, a Apetece – empresa responsável pela distribuição dos alimentos -, não retornou as questões citadas, no entanto, informou por meio de nota a qualidade dos serviços prestados.
“A Apetece Sistemas de Alimentação tem mais de vinte anos de experiência no mercado de preparo e distribuição de alimentação coletiva. São cerca de 400 mil serviços de alimentação fornecidos por dia a clientes de diferentes setores, principalmente de Saúde. Além do sabor e valor nutricional, seguimos rigorosíssimos processos de higiene, tanto dos alimentos como de utensílios, equipamentos e profissionais envolvidos no preparo dos serviços de alimentação. As questões relativas ao processo de preparação de alimentos na Apetece são regulados e fiscalizados por órgãos exigentes como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, além de passarem por autorias internas. Para tanto, a empresa investiu em equipamentos de sofisticados e em tecnologia que minimiza eventuais riscos de contaminação. O resultado deste trabalho está no reconhecimento e respeito do mercado sobre a seriedade de atuação da empresa e sobre o sabor em cada prato”.