“Fizemos cortes orçamentários de 60%, porque o orçamento que foi mandado para a Câmara era superestimado, um orçamento que era peça de ficção, um orçamento que não existe”. Foi assim que o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), resumiu a situação financeira do município em entrevista ao RDtv, nesta semana. O tucano também deu seu parecer em torno da construção do Parque Tecnológico, das medidas para Paranapiacaba e também para a geração de emprego e renda.
Serra afirmou que já colocou algumas áreas da cidade “nos trilhos”, mas confessou que ainda não está na velocidade que pretendia devido a situação financeira, principalmente em torno da dívida de mais de R$ 300 milhões.
“Nós devemos para o fornecedor de remédio, de asfalto, devemos para quem faz poda de árvore, para quem roça o mato, para quem entrega o kit escolar, devíamos para o fornecedor de uniforme, devemos água para a Sabesp. Então são serviços muito essenciais que se não forem restabelecidos de forma rápida fica muito difícil fazer a cidade funcionar naquilo que chamamos de piloto automático”, explicou.
O prefeito andreense relembrou o corte orçamentário de 60%, a redução de 60% de funcionários comissionados, a venda dos carros oficiais e o corte dos celulares coorporativos que estavam na Secretaria de Saúde. Além disso, afirmou que até o final de abril enviará para o Legislativo um projeto de lei para adequar os cargos em comissão aos pedidos do Ministério Público. Segundo Serra (foto), caso não tenha essa medida, muitos cargos serão revogados como a superintendência do Semasa.
Sobre a falta d’água, problema que prometeu resolver até o dia 9 de fevereiro, Paulo Serra afirmou que a situação não foi normalizada por completo devido aos vazamentos que foram encontrados na cidade. “Temos 40% de vazamento, é muita coisa, mas estamos resolvendo. Temos 112 pequenas intervenções sendo realizadas e temos mais 100 obras na fila para acontecer”.
Entre os principais questionamentos dos internautas que participaram da entrevista estava o chamamento de 250 guardas civis municipais (GCMs) que passaram no concurso público realizado há dois anos. Serra não deu uma data para fazer as primeiras chamadas, porém reafirmou que sua promessa será cumprida durante os quatro anos. No total, 800 pessoas passaram na prova, porém por causa da situação financeira, apenas 250 serão convocados nos próximos anos.
Economia
Nesta semana o prefeito se encontrou com empresários da construção civil e prometeu projetos de desburocratização para a realização de obras na cidade. “Santo André precisa voltar a ser referência em geração de trabalho e renda e, para isso, precisamos tratar bem o empresário. Não se trata apenas de dar isenção fiscal e tributária, temos de dar a facilidade do dia a dia. Projeto habitacional não pode demorar dois anos para sair como acontece hoje”, disse.
Além disso, Serra revelou que pretende dar isenção de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços) para as empresas que gerarem emprego na cidade. A proposta só será realizada após “a melhora” da situação financeira da Prefeitura.
Paulo Serra também comentou sobre a construção do Parque Tecnológico em parceria com o governo do Estado. “Vamos começar com embrião aqui em Santo André. Estamos retomando a questão da Agência de Desenvolvimento para ter uma parceria e as entidades que têm interesse em participar de desenvolvimento e tecnologia têm de participar. Entidades, eu digo, são as empresas. Não dá para pensar o Parque Tecnológico sem a participação da iniciativa privada. Vamos lançar o embrião perto da Rhodia, naquele prédio que está desapropriado e vamos levar à Secretaria (de Desenvolvimento Econômico)”, explicou.
Paranapiacaba
Questionado sobre o futuro de Paranapiacaba em seu mandato, Serra disse que pretende “brigar no bom sentido” com o Estado para que o trem possa chegar ao local aos fins de semana, algo que atualmente só acontece a cada 15 dias. Segundo o prefeito, a fila de espera para os turistas chega a 60 dias.
“O melhor jeito de chegar é de trem. Não só por causa estrada que é longe. Hoje está saindo a cada 15 dias, uma vez. A espera é de 60 dias. Como é um trem só são mil a cada 15 dias, como você vai manter uma estrutura comercial, levar restaurantes, comércio, se vai pouca gente? Imagina um trem que leve mil no sábado, outras mil no domingo, e isso se repete nas outras semanas, aí a coisa começa a melhorar”, disse o prefeito.
Governo federal
“Espero apoio na Saúde, estamos solicitando para a UPA Bangu, assim que reafirmarmos nosso compromisso de retomar as obras em seu ritmo normal, nós queremos que a UPA seja elevada para o nível III, para que tenha 27 leitos e não apenas 11. O segundo subdistrito merece um mini hospital e a UPA padrão I não permite. Espero isso do Ministério da Saúde. Do Ministério da Educação espero as 10 creches e do Ministério das Cidades, quem sabe obras de saneamento, linhas de crédito que tem a pretensão de lançar, mas isso depende da situação do País e eu sou muito otimista”, concluiu.