Secretaria da Educação do Estado de São Paulo abriu, no início de outubro, matrículas para novos alunos nas escolas do ABC. O prazo segue até 31 de outubro e compete ao ensino fundamental I e II. Segundo a dirigente regional da Diretoria de Ensino de Santo André, Ariane Aparecida Butrico, cresceu o número de alunos que deixaram escolas particulares para adentrar na rede pública nos últimos anos.
“Realmente as escolas estaduais estão recebendo muitos estudantes que deixaram as escolas particulares. Acredito que é devido à alta taxa de desemprego. Os pais acabam tendo dificuldades de quitar as mensalidades”, diz. Segundo dados do Censo Escolar, de 2014 para 2015 foram 205.615 alunos que saíram da rede privada para a pública no Estado de São Paulo. Já de 2015 para 2016 já são 142.860, sendo que o ano não acabou e este número ainda pode crescer.
De acordo com a secretaria estadual, em 2016, 8.467 matrículas foram realizadas na região, já no ano passado os cadastros chegaram a 12.147. “O ano ainda não terminou, acredito que o número de matrículas realizadas em 2016 será maior do que 2015. Pois é nítido o crescimento de ex-alunos de escolas públicas sendo transferidos”, afirma Ariane.
Diana de Morais, coordenadora do GT Educação do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, confirma que é notada a migração de alunos das escolas particulares para as municipais. “Ainda não temos um levantamento do número de matrículas da região, mas nas conversas com os representantes das secretarias o aumento da procura por vagas da rede é nítido”, diz.
A coordenadora afirma que, até o momento, as prefeituras têm conseguido acolher os alunos, porque ainda há vagas. “Apesar do aumento na procura, as secretarias de Educação estão manejando bem a demanda”, afirma. O GT Educação pretende até o final do ano fazer levantamento do número de matrículas das escolas municipais das cidades do ABC.
De acordo com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), as escolas particulares de todo o País perderam entre 10% e 12% das matrículas em 2016, por causa, principalmente, da crise financeira brasileira. As saídas ocorreram mais nas famílias das classes C e D.
O presidente do Sindicato dos Professores do ABC, o professor José Jorge Maggio, acredita que as escolas privadas da região não estão sentindo tanto os cancelamentos de matrículas. “No ABC não estamos notando tanto essa migração. Não é tão negativa”, pontua.
A RD em Revista pediu informações das prefeituras sobre o ensino infantil e fundamental. Até o fechamento desta edição, somente a Prefeitura de Santo André respondeu. A administração comunicou que ainda “não houve aumento significativo no número de matrículas a ponto de demandar a necessidade de remanejamento na estrutura da rede”.
Leiriane Corrêa