Menos de 24 horas depois de o ex-candidato a prefeito de Mauá, Clóvis Volpi, ter revelado o seu apoio a candidatura do atual prefeito, Donisete Braga (PT), a direção do PSDB expulsou sumariamente o agora ex-tucano que afirmou que não se surpreendeu com a decisão tomada nesta sexta-feira (7). Volpi criticou a decisão, lembrou de outros apoios do PSDB ao PT e afirmou que seu futuro político dependerá do resultado do segundo turno.
Volpi já tinha indicado sua decisão logo após o fim do primeiro turno, porém o vídeo divulgado no Facebook apenas “acelerou” o processo. “O posicionamento não foi uma surpresa, mas o Volpi acabou se adiantando em relação ao partido, então houve essa expulsão sumária. Ele foi contra um posicionamento de não apoiar o PT. Conversamos com a direção estadual e concretizamos esse processo. Agora vamos nos focar no nosso posicionamento para o segundo turno”, afirmou Márcio Canuto, coordenador regional do PSDB.
Os tucanos vão oficializar o seu apoio a Atila Jacomussi (PSB) nesse sábado (8), ás 19h30, em evento que ocorrerá na casa noturna Coke Luxe, na Vila Bocaína. “É um apoio natural, mas tínhamos que acertar isso com a direção estadual para concretizar”, explicou.
Procurado pela reportagem do RD, Clóvis Volpi não se sentiu surpreso com a decisão. “Eu sabia que meu posicionamento poderia gerar duas coisas, ou eu iria me desfiliar do partido ou ele iria me expulsar, acabou acontecendo a segunda opção. Eu fiz uma opção pessoal, com muita consciência do que eu estou fazendo, desta atitude”, afirmou o terceiro colocado da eleição.
Entre os principais motivos para que Volpi apoie Braga está a comparação entre os planos de governo dos dois candidatos do segundo turno. “O Atila tem um plano de governo exequível. Para cumprir com ele precisaria de um orçamento de R$ 5 bilhões (ao ano). Estamos vivendo um momento econômico crítico, todos estão com dificuldades. Fiz uma campanha falando de cortes e ele vem com uma campanha de gastos, assim não dá”.
Direção
Clóvis Volpi também fez criticas a direção do partido em relação a sua expulsão e relembrou casos passados onde o PSDB apoiou o PT no segundo turno. “Em 1989, o Mário Covas, o maior expoente da história do nosso partido, apoiou quem no segundo para presidente? Collor ou Lula? Foi o Lula. O Covas disse. ‘Eu apoio o Lula, pois conheço o Collor e conheço o Lula’. Em 2000, entre Marta (Suplicy) e (Paulo) Maluf (para a prefeitura de São Paulo? Ele apoiou a Marta”.
Volpi também fez um questionamento. “Será que o Pedro Tobias (presidente estadual do PSDB) visse o posicionamento do Covas, ele o expulsaria? É uma boa pergunta para ser feita”. O ex-prefeiturável também criticou o partido em relação a campanha, afirmando que se sentiu “sózinho”.
“Eu tive apenas um caminhão e 60 pessoas trabalhando na minha campanha. Era uma campanha de prefeito e eu estava com uma estrutura para vereador. Mesmo assim fiquei em terceiro. Quase fui para o segundo turno. Se eu não tivesse lá o partido não faria vereadores”, afirmou.
Futuro
Em relação ao seu futuro político, o ex-tucano considera que é incerto e que dependerá do resultado do segundo turno. “Se o Donisete se aproximar do Atila ou virar o jogo, meu posicionamento será considerado o correto e aí posso pensar no futuro. Caso contrário, se meu posicionamento atrapalhar o Donisete, quer dizer que estou acabado para a política”.
Volpi concluiu que recebeu duas ligações após o fim da eleição. “Recebi uma ligação do senador José Anibal (PSDB) que queria conversar comigo na próxima segunda (10), mas com essa expulsão ele não vai poder, acho. A outra foi do deputado estadual Campos Machado (PTB), uma pessoa que tenho grande gratidão. Ele me disse: ‘Eu te emprestei para o PSDB, mas as portas do PTB estão abertas’. Vamos esperar um pouco para decidir o futuro”, concluiu.