Em meio à crise, Toyota abre fábrica de motores no interior de SP

A Toyota inaugurou na terça-feira, 10, sua fábrica de motores em Porto Feliz (SP) e, pela primeira vez desde que veio para o Brasil, em 1958, vai produzir o equipamento integralmente no País. Até agora, os propulsores para os carros da marca vinham do Japão ou eram montados parcialmente com peças importadas.

O projeto recebeu investimento de R$ 580 milhões e gerou, por enquanto, 320 empregos. Inicialmente serão produzidos motores 1.3 e 1.5 para o compacto Etios, fabricado em Sorocaba (SP). No futuro, poderão ser feitos propulsores para o sedã Corolla e para exportação.

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O próximo grande passo da montadora será definir um novo investimento para modernizar e ampliar a fábrica de Indaiatuba (SP), onde é feito o sedã Corolla, quinto automóvel mais vendido no País no primeiro quadrimestre. Em quatro anos, o grupo iniciará a produção de uma versão global do modelo, totalmente diferente da atual, lançada há dois anos.

“A unidade de Indaiatuba é antiga e será exigido um investimento grande para transformá-la na fábrica que precisamos. Estamos estudando se faz sentido econômico (fazer o investimento)”, disse o presidente da Toyota para a América Latina e Caribe, Steve St. Angelo.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Sidalino Orsi Júnior, disse que a Toyota apresentou recentemente à entidade pauta de negociação propondo flexibilização no regime de trabalho e na grade salarial para que o grupo possa trazer um novo projeto para a unidade em 2019. Uma das propostas é a contratação de funcionários temporários com piso salarial cerca de 15% inferior ao atual. Hoje, a fábrica opera com horas extras.

“A empresa também quer aumentar valores pagos pelo vale transporte e a refeição e adotar a coparticipação do trabalhador no plano de saúde”, informou Orsi. “Só essas três medidas significariam uma redução de R$ 350 no salário e não vamos aceitar um acordo como este.”

Segundo ele, a empresa ameaça até “fechar a fábrica”, que emprega atualmente 2,2 mil trabalhadores. A Toyota nega essa intenção.

Ampliação

Recentemente, o grupo japonês concluiu investimento de R$ 100 milhões na fábrica de Sorocaba, inaugurada em 2012. A capacidade produtiva do Etios passou de 84 mil para 108 mil unidades ao ano, mas essa ampliação não está sendo utilizada em razão da queda do mercado automotivo.

“Só estamos esperando a recuperação do mercado para apertar o botão. A fábrica e os trabalhadores estão preparados”, afirmou St. Angelo na solenidade de inauguração da unidade de motores. Também participaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito de Porto Feliz, Levi Rodrigues, a diretora da Ministério do Desenvolvimento, Margarete Gandini, e executivos da matriz.

Segundo St. Angelo, a Toyota, que também tem fábrica de componentes em São Bernardo do Campo (SP), não demitiu funcionários, mesmo no momento difícil que o País enfrenta e afirmou estar otimista com a recuperação do Brasil. A inauguração da filial de motores, disse, “é demonstração de que estamos comprometidos com o crescimento dessa região fantástica”.

Ao contrário do que ocorre com a maioria das montadoras, a Toyota não tem estoques altos nos pátios. Segundo Miguel Fonseca, vice-presidente da empresa no Brasil, os estoques da marca giram de 3 a 17 dias e há filas de espera para algumas versões do Corolla e para o utilitário SW4, feito na Argentina. Na média do mercado, o encalhe equivale a 46 dias de vendas.

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