Plano estratégico da Usiminas para 2016 prevê aumento de capital

O plano estratégico da Usiminas para 2016, apresentado ao Conselho de Administração e no qual constam seu demonstrativo financeiro anual completo divulgado nesta quinta-feira, 18, prevê um aumento de capital.

O documento aponta ainda que esse plano inclui o “alongamento dos prazos e renovação das dívidas financeiras vincendas em 2016, por meio de renegociação dos principais contratos”. Outra medida descrita é o acesso ao caixa disponível das empresas ligadas e a venda de ativos não estratégicos.

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“O foco das ações da diretoria da Usiminas, composta por profissionais de carreira, de mercado, do grupo NSSMC e também do grupo Ternium/Techint, está expressa no planejamento estratégico da companhia para 2016”, disse em teleconferência com analistas e investidores o presidente da Usiminas, Rômel de Souza, que frisou que a siderúrgica mineira segue focada em seus objetivos e compromissos.

O executivo pediu, em teleconferência com analistas e investidores. Que os números fossem entendidos de forma clara, dado ao contexto, incluindo itens considerados “extraordinários”. “Atenção especial deve ser dada à abertura dos números para que se possa entender de forma clara o curso do negócio, não se deixando levar apenas pelo número final fechado”, destacou.

Vencimentos

A Usiminas terá R$ 1,920 bilhão de sua dívida vencendo em 2016, conforme informação da companhia no documento que acompanhou seu demonstrativo financeiro. Em 2017 a parcela a vencer é de R$ 1,825 bilhões e em 2018, R$ 2,158 bilhões. Em seu caixa a companhia tinha ao final de dezembro R$ 2,024 bilhões, sendo que R$ 1,3 bilhões está em sua subsidiária Mineração Usiminas (Musa), ou seja, montante que a companhia não possui acesso direto.

Exatamente por conta desse cenário, na quarta-feira o Conselho de Administração discutiu esse assunto em reunião, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Uma fonte disse que a diretoria da empresa, ao mostrar o planejamento para o ano, evidenciou uma falta de dinheiro para o ano, dado o cenário de crise do setor siderúrgico. No momento ainda não há consenso sobre o tema, mas uma fonte disse que os controladores Ternium e Nippon Steel se reunirão no início de março para falar sobre o tema.

Por conta de seu alto endividamento e sem conseguir gerar caixa, a alavancagem da companhia vem ultrapassando os limites impostos em contratos de dívidas, de 3,5 vezes a razão da dívida líquida pelo Ebitda. Assim, a Usiminas informou que no final do ano passado negociou waiver (perdão) com seus credores para os covenants não cumpridos. Esses waivers, no entanto, têm um custo para a companhia.

No documento que acompanha o demonstrativo financeiro referente ao quarto trimestre a Usiminas não publicou sua alavancagem como em trimestres anteriores, mas dividindo a dívida líquida (R$ 5,862 bilhões) da companhia pelo Ebitda ajustado de 2015 (R$ 291 milhões), observa-se uma alavancagem de mais de 20 vezes, número piorado com um segundo semestre inteiro de queima de caixa.

A dívida líquida da Usiminas no fim do ano passado estava em R$ 5,862 bilhões, aumento de 52% ante o montante visto no fim de 2014. Na relação trimestral o aumento foi de 3%.

Considerando a dívida bruta, que é o valor que incide a cobrança dos juros, o total alcançou R$ 7,886 bilhões no fim de 2015, alta de 18% em um ano, mas queda de 3% em relação ao valor de setembro.

Essa diferença, explicou a companhia, ocorreu por conta de amortização de dívida e devido à valorização do real no período analisado. Do total da dívida da Usiminas 47% está atrelada ao dólar. Ainda no fim do ano passado a companhia informou que 24% de sua dívida tem vencimento de curto prazo.

Resultado financeiro

A Usiminas anotou uma perda financeira de R$ 24,089 milhões no quarto trimestre do ano passado, ante uma perda de R$ 213,8 milhões no mesmo período do ano passado. Em 2015 a perda financeira foi de R$ 1,245 bilhão, alta de 138% ante o visto um ano antes.

Efeitos extraordinários

Sem efeitos extraordinários que marcaram seu demonstrativo financeiro referente ao quarto trimestre deste ano, a Usiminas informou que seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado teria sido positivo em R$ 57 milhões. No entanto, na manhã desta quinta, a siderúrgica mineira reportou seu segundo Ebitda no vermelho consecutivo, desta vez de R$ 249,9 milhões.

Para justificar o que seria esse Ebitda positivo, a Usiminas disse que excluiu os “efeitos extraordinários das provisões relacionadas à reestruturação dos negócios de Siderurgia e Mineração de R$ 256,8 milhões e do resultado de venda e baixa de ativos no valor de R$ 50,1 milhões”.

No quarto trimestre a Usiminas fez um ajuste contábil de R$ 1,6 bilhão. “O valor em uso do Segmento Mineração foi atualizado para refletir as melhores estimativas da Administração sobre o preço futuro do minério, com base em projeções de mercado. Tal avaliação mantém-se sensível à volatilidade dos preços da commodity e eventuais alterações nas expectativas de longo prazo poderão levar a futuros ajustes no valor reconhecido”, destacou a companhia no informe de resultados.

Vendas de aço

As vendas de aço da Usiminas em 2015 somaram 4,915 milhões de toneladas, queda de 11% em relação ao observado no mesmo período do ano passado. No quarto trimestre o volume vendido foi de 1,205 milhão de toneladas, queda de 3% sobre igual período de 2014. Ante o trimestre imediatamente anterior houve um aumento de 2%. No trimestre, o mix de vendas foi de 73% no mercado interno e 27% para as exportações.

Em 2015 a produção de aço pela Usiminas chegou a 5 milhões de toneladas, queda de 17,3% na relação anual. No quarto trimestre a produção foi de 1,2 milhão de toneladas, 6,6% a mais do que no trimestre imediatamente anterior. Ante o mesmo período de 2014, o recuo foi de 15%. A usina de Ipatinga produziu 752 mil toneladas e a de Cubatão, que acaba de ter sua atividade primária paralisada, produziu 436 mil toneladas no quarto trimestre do ano passado.

Mineração

Já as vendas de minério de ferro no ano passado foram de 3,79 milhões de toneladas, queda de 33% em relação ao observado um ano antes. No quarto trimestre as vendas foram de 670 mil toneladas, queda de 42% na comparação anual. Ante o terceiro trimestre a queda foi de 14%.

Das vendas realizadas no quarto trimestre quase a totalidade foi para a própria Usiminas, com um volume de 658 mil toneladas nesse período. A produção de minério de ferro no trimestre foi de 660 milhões de toneladas, recuo de 54,5% em relação ao visto no quarto trimestre de 2014. No ano a produção de minério de ferro foi de 3,858 milhões de toneladas, recuo de 36% em relação a 2014.

No documento que acompanha o seu demonstrativo financeiro a Usiminas afirma que o volume de produção caiu em função do menor “volume de vendas tanto para a Unidade de Siderurgia, em função da parada das áreas primárias da planta de Cubatão, quanto para terceiros”.

Exatamente devido aos menores volumes de sua unidade de mineração, a Usiminas informou que concluiu a negociação de take or pay em contratos de frete doméstico com a MRS. Com a suspensão, assim, desses volumes, ficou acordado que a Mineração Usiminas (Musa) pagará à MRS R$ 31,5 milhões em dez parcelas, ou seja, um valor total de R$ 315,5 milhões. “Dessa forma, a Usiminas mitigou o impacto da desativação temporária da área primária de Cubatão e da rescisão do contrato com o Porto Sudeste no contrato com a MRS”, destacou a companhia no mesmo documento.

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