Uma semana após a notícia de que 27 pessoas tiveram problemas pós-operatórios ao participarem do mutirão da catarata, a bloco de oposição em São Bernardo protocolou um pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. A atitude foi tomada logo após a reunião feita entre os membros do Legislativo e a secretária de Saúde, Odete Gialdi, nessa quinta-feira (11), durante a sessão da Câmara.
A proposta foi assinada por dez vereadores (PPS, PSDB, PSD e PSB). Para entrar em votação em regime de urgência são necessárias 15 assinaturas. A ideia da oposição é tentar contrapor as falas de Odete durante o encontro na Casa. “No inicio da fala dela era como se a Prefeitura não tivesse a responsabilidade sobre o ocorrido e ela tem responsabilidade, ela é corresponsável com a tragédia que aconteceu. Nós temos que fiscalizar, nós temos que investigar essa questão”, afirmou Fuzari.
Em rápida entrevista, Odete Gialdi afirmou que não existe nenhuma novidade sobre o caso e que pretende atualizar as informações aos vereadores semanalmente. “Eu me mantenho aberta ao diálogo em nome do enorme respeito que tenho pelos vereadores da cidade e que inclusive costumo conversar sobre todos os assuntos referentes à saúde”, afirmou a secretária. O caso está sendo investigado por uma sindicância que publicará um relatório em 30 dias.
O presidente da Câmara, José Luis Ferrarezi (PT), pediu para que a Comissão de Saúde investigue o caso. “Uma CPI só faz sentido no momento em que não há esclarecimento e aí você usa o poder da CPI para que tenha um esclarecimento”.
Fábio Landi (PSD), presidente da Comissão e médico de formação, afirmou que houve alguns questionamentos técnicos que não foram respondidos com clareza pela secretária. Ainda afirmou que é necessária fazer uma investigação sobre os relatórios emitidos pelo Hospital de Clinicas de São Bernardo – local onde foram feitas as cirurgias.
Temor
Autor do pedido de CPI no Instituto Municipal de Assistência a Saúde do Funcionalismo (Imasf), Pery Cartola demonstrou temor que o protocolo emitido pela oposição seja esquecido. “Esse é um instrumento do vereador, onde ele não pode ser tratado como um requerimento comum. Se for tratado como requerimento comum vai acontecer o mesmo que o do Imasf, vai para final da fila”, afirmou.
Caso
No dia 30 de janeiro, 27 pacientes participaram do mutirão da catarata. 21 apresentaram infecção ocular. Seis perderam a visão, sendo que destes dois perderam o globo ocular. Segundo nota emitida por Odete Gialdi em sua conta pessoal no Facebook, dez pacientes estão internados no Hospital de Clinicas de São Bernardo e outras três estão em hospitais da capital esperando o resultado do tratamento. Não foi informado sobre os riscos que essas pessoas têm de perderem a visão.