Maior avião de passageiros do mundo chega a São Paulo

A apresentação no Brasil do Airbus A380, maior avião comercial do mundo, foi marcada por um atraso digno da crise aérea. Previsto para decolar às 15 horas do aeroporto internacional de Guarulhos, o avião só saiu do chão às 16h40 desta segunda-feira (10). O problema não foi de controle do espaço aéreo nem de deficiências de infra-estrutura, mas uma suspeita de overbooking. O número de passageiros embarcados superava em dez a lista oficial da Airbus, o que levou os comissários a inspecionarem os bilhetes de embarque um a um. Ninguém foi expulso.

Descobriu-se, ao final, que houve uma confusão na grafia de alguns nomes nas listas da Airbus e da TAM – principal cliente da fabricante na América Latina e que ajudou a organizar o evento. O vôo propriamente dito, que deveria ter durado duas horas, sobrevoando São Paulo e Paraná, não passou de uma hora e quinze minutos.

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Em uma platéia formada por presidentes e executivos de companhias aéreas, comprar ou não comprar um A380 foi o assuntos dos corredores. Em tom de brincadeira, o presidente da TAM, David Barioni, dizia estar disposto a encomendar 50 aeronaves, e mais uma para ele próprio.

Oficialmente, Barioni não descartou incluir conversas sobre o A380 em uma reunião marcada para janeiro com a Airbus. “Não tem nada firme, mas não descartamos a possibilidade. Hoje, não há demanda que justifique um avião desse porte no Brasil. Mas esses aviões demoram quatro a cinco anos para serem entregues e, até lá, haverá demanda.”

O presidente da OceanAir, German Efromovich, que recentemente anunciou uma compra de US$ 4 bilhões em aviões da Airbus, preferiu conter o entusiasmo: “Nunca compraria esse avião. Imagina se dá uma pane, tem de colocar 600 pessoas em hotéis. Estaria perdido.”

O presidente do conselho de administração da Gol, Nenê Constantino, que só tem negócios com a Boeing, rasgou elogios ao avião. “Muito bom, muito bom”, não cansava de repetir.

Mas o anfitrião Rafael Alonso, vice-presidente para a América Latina da Airbus, fez questão de ressaltar que a vinda do A380 para o Brasil não tinha nenhum objetivo comercial imediato. “Era importante, uma vez que o avião estaria na América Latina, trazê-lo para o Brasil para mostrá-lo para nossos clientes”, disse Alonso. “Foi uma visita de relacionamento.”

Adaptação

Do lado do governo, estava presente o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi. Apesar de convidados, nenhum diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) compareceu.

“Passamos no teste da pista e vamos trabalhar para que, se alguma companhia brasileira comprar um avião desses, os terminais estejam adaptados para recebê-lo”, afirmou Gaudenzi, entusiasmado com a aeronave, que já conhecia da feira de Le Bourget, em Paris.

Por fora, o A380 é só um avião gigante. Por dentro, a divisão interna em dois andares torna o avião mais aconchegante, ainda que bem espaçoso. Com uma distância entre poltronas que deixariam o ministro da Defesa Nelson Jobim satisfeito, a configuração do avião de demonstração da Airbus tinha 520 assentos. Na primeira classe, verdadeiras camas, mas sem as cobiçadas cabines privativas da Singapore Airlines, primeira companhia a operar o modelo.

A espera só não deixou os 197 passageiros convidados irritados porque era possível matar o tempo com jogos eletrônicos, filmes ou câmeras instaladas em três pontos do avião – cauda, trem de pouso e teto -, transmitindo em tempo real a movimentação do aeroporto e depois, durante o vôo. Também era possível fazer o que todo passageiro deseja: manter o celular ligado durante a viagem.

A demora na decolagem chegou até mesmo a atrapalhar o serviço de bordo. Para distrair os convidados, os 10 comissários da TAM escalados para o vôo inaugural do A380 no Brasil serviram champanhe francês Bollinger, água e suco de laranja. Assim que o avião decolou, a tripulação ofereceu canapés, sanduíches com patê e rosbife e, por fim, docinhos.

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