CPI da Craisa discute fraude em festas juninas nesta sexta

Presidente da Aeceasa (à esq.) e superintendente depõem na Câmara. Fotos: Rodrigo Lima

A Comissão Parlamentar de Inquérito que vai apurar irregularidades na gestão da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) inicia os trabalhos nesta sexta (7), na Câmara, com questionamentos espinhosos. Entre eles, o paradeiro da verba arrecadada com a locação de barracas de festa junina em 2011 e 2012, durante a gestão Aidan Ravin (PSB).

De acordo com dados cedidos pela Companhia após estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2009, a Craisa angariou R$ 130 mil com a locação de 35 barracas. No ano seguinte, o número de barracas subiu para 40 e a arrecadação atingiu R$ 265 mil.

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Em 2011, no entando, o total registrado foi de apenas R$ 12,6 mil. A verba é relativa ao aluguel de 4 barracas. Curiosamente, à época, a Craisa disponibilizou 66 barracas e um parque. Assim, só em 2011, a autarquia pode ter assistido à perda de, pelo menos, R$ 262.380,00.

“Houve edital publicado em 27 de maio de 2011 onde consta a locação de 40 barracas no valor de R$ 5 mil cada, 10 por R$ 4 mil, seis por R$ 2,5 mil e o parque de diversão, R$ 20 mil”, sustentou a Craisa ao RD.

Os dados de 2012 chamam atenção. A Companhia confirma a declaração que nenhum valor referente à locação de barracas naquele ano foi repassado à autarquia. “É uma discrepância danada. Vamos chamar todos os ex-superintendentes para explicar isso”, garantiu o presidente da CPI, José Montoro Filho (PT).

Helio Tomaz Rocha, superintendente da Craisa, participa da oitiva a partir das 11h. O titular deve falar, também, sobre o relatório produzido pela FGV logo após a direção notar dívida de mais de R$ 20 milhões deixada pela gestão anterior. Hoje, o montante está reduzido em quase metade. O detalhamento dos passivos e o desaparecimento da verba arrecadada com festas juninas serão encaminhados ao Ministério Público.

Antes de Rocha, quem depõe é o presidente da Associação das Empresas da Ceasa do ABC, João Batista de Lima. Ele foi alvo de oitiva em maio de 2013, quando a CPI foi instaurada, mas sua fala foi invalidade após a Justiça suspender a Comissão. Ele defendeu que existe apadrinhamento político na concessão de boxes da Ceasa.

Relator da investigação mira na gestão petista

Relator da CPI, o vereador oposicionista Ailton Lima (SDD), ex-líder de governo de Aidan Ravin (prefeito entre 2009-2012) na Câmara, afirmou ao RD que prefere não antecipar seu julgamento a respeito do suposto desvio de recursos arrecadados com festas juninas promovidas pela Craisa. 

O parlamentar sustentou que prefere dar andamento à investigação e ouvir todas as partes envolvidas antes de emitir juízo de valor sobre o caso. Contudo, o solidário destacou que pretende trazer à tona denúncias sobre irregularidades cometidas na Craisa durante a administração petista.

“Não vou me pronunciar com posicionamento unilateral. É evidente que o governo que está aí (do prefeito petista Carlos Grana) está imaginando uma CPI para atingir um único governo, e quanto a isso eu sou contra. Se o Hélio (Tomaz Rocha) está pensando que virá aqui discutir apenas os últimos quatro anos de Craisa, ele está completamente enganado”, frisou.

 

 

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