Alunos do ABC fazem passeata contra reorganização de escolas estaduais

Estudantes de várias escolas se reuniram em frente ao Colégio Dr. Américo Brasiliense para depois saírem em passeata por Santo André (Foto: Pedro Diogo)

No início da tarde desta quarta-feira (7), estudantes do colégio Américo Brasiliense, de Santo André, realizaram ato contra a reorganização das escolas estaduais em ciclos, depois de o governador Geraldo Alckmin ter anunciado o fechamento de algumas escolas para o ano que vem por conta dos remanejamentos.

A concentração começou por volta das 12h, em frente ao colégio, onde estudantes, pais e professores gritavam palavras de ordem contra as medidas do governo, que tem o objetivo de separar fisicamente alunos do ensino fundamental e ensino médio. Desse modo, as instituições se especializariam em atender somente um ciclo de ensino: do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano do fundamental ou do 1º ao 3º ano do ensino médio.

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A partir das 13h, o grupo saiu em caminhada até a Diretoria de Educação, localizada na rua das Figueiras, em Santo André, passando por importantes vias como a rua General Glicério, rua das Monções e avenida D. Pedro II, com narizes de palhaço, cartazes, faixas, buzinas, cornetas e um carro de som com microfone.

Uma das principais reivindicações de professores é com relação à recorrente superlotação das salas de aula com o excesso de alunos transferidos para outras escolas, além da precarização das condições de trabalho dos docentes e possíveis demissões.

Para o professor José Jorge Maggio, presidente do Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro), a medida do governo é um duro golpe na Educação e não servirá para melhorar a qualidade do ensino, pois a decisão não visa melhorar os salários defasados nem mesmo a estrutura precária oferecida a profissionais e alunos. “Nós vamos voltar aos anos 1970, quando tínhamos grupo, ginásio e colégio. Isso é ruim porque dificulta o acompanhamento da evolução da criança quando ela muda de escola”, explica.

Maggio também ressalta o fechamento de escolas como outro grave problema porque, fatalmente, resultará na demissão de professores e em salas de aula mais lotadas do que já estão. “Estamos muito preocupados com essa notícia, tanto que convocamos os professores para um ato na avenida Paulista, no dia 29 deste mês. É preciso que haja esse enfrentamento”, finalizou.

Por parte dos alunos, a reclamação fica por conta do local onde eles serão rematriculados e a distância entre suas casas e a nova escola. Embora o governo tenha prometido uma escola dentro de um raio máximo de 1,5 km da residência dos estudantes, muitos jovens se queixam de ter que abandonar os colégios que frequentam hoje. “Nós não somos obrigados a deixar as nossas escolas. É um direito nosso escolher onde queremos estudar”, disse o estudante Gustavo Teixeira.

O fechamento das escolas também preocupa muitos pais, que temem a queda da qualidade de ensino e a má formação de seus filhos. “Estou aqui porque estou preocupada com o futuro dos meus filhos e netos. Minha filha está no segundo ano do ensino médio e vai ter que mudar de escola, ir para um lugar que ela não quer ”, discursou uma das mães ao microfone.

Mais protestos

Na manhã desta quarta, alunos de escolas estaduais de Diadema e São Bernardo promoveram manifestação pelas ruas de São Bernardo. Os estudantes percorreram trecho da rodovia Anchieta, no km 16, passaram pelas avenidas Lions e Senador Vergueiro, além do Paço Municipal. No início da tarde foi a vez de a Apeoesp promover protesto na diretoria regional de ensino de São Bernardo.

A Apeoesp fez levantamento sobre as escolas que devem ser fechadas. No ABC pelo menos 17 unidades devem encerrar as atividades. Entre as integrantes da lista estão Américo Brasiliense, Celso Gama e Adamastor de Carvalho (Santo André), Yolanda Noronha e Tito Lima (São Bernardo), Emília Crem dos Santos e Martha Terezinha Rosa (Mauá), Rul Saddi e João de Melo (Diadema).

Por enquanto, o governo do Estado não confirma oficialmente o fechamento de nenhuma escola. A Secretaria Estadual da Educação promete realizar em 14 de novembro o chamado “Dia E”, quando todos os detalhes sobre a reestruturação serão apresentados. Na década de 90, durante a gestão Mário Covas, a educação do Estado passou por reestruturação semelhante. A titular da pasta na época era Rose Neubauer.

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