Curso para eletricistas em São Bernardo atrai mulheres

Cada vez mais, mulheres ganham espaço no mercado de trabalho (Foto: Raquel Toth)

O Curso de elétrica residencial, oferecido pela Secretaria de Educação do município de São Bernardo, tem atraído cada vez mais o público feminino. A profissão, que já foi reconhecida como um ofício masculino, hoje tem 11 mulheres entre os 13 alunos em formação.

A Divisão de Educação Profissionalizante e de Jovens e Adultos (EJA) é responsável pela organização e oferecimento dos cursos. Adriana Pereira, chefe do departamento, afirma que essa mudança é impulsionada pela política educacional adotada pela Prefeitura da cidade. O órgão visa à qualificação profissional e a elevação do nível educacional da população. Além disso, foca nos setores prioritários do povo e, dentro desses enfoques, coloca o público feminino como um dos mais importantes. Adriana enfatiza: “o essencial é a emancipação da mulher. Isso é necessário para que ela não se sinta inibida ao realizar quaisquer atividades de seu interesse, mesmo que culturalmente tais ofícios ainda sejam vistos como masculinos”.

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Além do curso para eletricistas residenciais, a Prefeitura oferece outras opções, como marcenaria, construção civil e elétrica e constata que a procura feminina por essas capacitações também aumentou.

Obstáculos

Marquísia de Lima, moradora de São Bernardo, frequentou as aulas durante o ano de 2014. Ela conta que ingressou no curso por avaliar a área como compatível com sua rotina e, também, por achá-la interessante. Estudou durante três meses, de segunda a sexta, quatro horas por dia. Diz que aprendeu um pouco de tudo, mas identificou-se mais com a área de projetos, responsável por arquitetar a parte elétrica tanto interna quanto externa de uma casa, por exemplo.

Hoje, a ex-aluna não atua na área. “Eu sou operadora de telemarketing, mas com certeza trocaria minha posição por uma oportunidade como eletricista”, relata. Quando questionada sobre o significado da profissão para ela como mulher, Marquísia afirma considerar uma conquista. “Os homens ingressam mais facilmente no mercado de trabalho em geral, mas nesse setor é ainda pior para nós. Não há espaço”.

Apesar das dificuldades, diz estar disposta a mostrar que é tão capacitada quanto qualquer outro profissional da área. Desde o período em que fez o curso, não trabalhou formalmente, mas já realizou alguns serviços por conta própria. “Nunca me falaram nada, mas dava pra perceber que todos os meus clientes ficavam com um pé atrás por eu ser mulher”, conta. Ela acredita que isso aconteça pela sociedade ainda duvidar da capacidade feminina quanto à realização de trabalhos que envolvam serviço braçal. 

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