ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

S.Bernardo na liderança do desenvolvimento e desigualdade

Prof. Dr. Leandro Prearo é gestor do Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Inpes/USCS) e professor do Programa de Mestrado e Doutorado da USCS.

O município de São Bernardo do Campo (letra “B” do nosso ABC) é, com seus 409,478 km², a maior cidade da Região do ABC. Seu território representa 49,4% de todas as terras formadas pelas sete cidades. É também, com seus 765.463 habitantes, o quarto município mais populoso do Estado de São Paulo. Nesse contexto de município com dimensões de Estado, os problemas enfrentados pelos governantes são igualmente proporcionais.

Mas antes de pontuar tais preocupações é preciso reconhecer os avanços conquistados pelo município nos últimos anos. Esses são resultados de um todo um processo, envolvendo ações municipais, estaduais e federais, de médio e longo prazos, que culminaram em avanços importantes em indicadores de qualidade de vida.

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Em primeiro lugar, há de ressaltar a diminuição da proporção de extremamente pobres (indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 70,00 mensais), pobres (renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais) e vulneráveis à pobreza (indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 255,00 mensais), entre os anos de 1991 e 2010. Nesse período, a proporção de extremamente pobres caiu 23,3%; a de pobres caiu 38,1% e a de vulneráveis à pobreza caiu 22,2%.

Também houve ganhos em relação à renda real do habitantes, expectativa de vida e expectativa de anos de estudo. Assim, também ilustrando o período que vai de 1991 a 2000, a renda per capita dos munícipes de São Bernardo apresentou ganhos reais de cerca de 27,3%, com uma renda familiar per capita média de 1.212 reais, 53% maior do que a renda média nacional de 739 reais e totalizando uma renda média familiar de aproximadamente 3.878 reais.

Quanto à expectativa de vida, os avanços inerentes à melhora na qualidade de vida da população de forma geral, garantiu um aumento de 11,2% na idade esperada para um indivíduo que nasce hoje: 77 anos. Também na educação, registra-se algum avanço. A expectativa de anos de estudo no município hoje é de 10,2 anos, 3,8% a mais do que em 1991. Ainda, a proporção de analfabetos com mais de 15 anos, nesse mesmo período, caiu 57%, atingindo 3,04%.

Finalmente, o intenso processo de urbanização realizado pelos governos municipais, especialmente nos últimos 20 anos, fez com que a proporção de domicílios com água encanada, acesso à energia elétrica e a esgotamento sanitário chegasse perto da plenitude.

Todos esses fatores resultaram em indicadores de qualidade de vida positivos. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) aumentou cerca de 25,5% nos últimos 20 anos, chegado a 0805 (o índice varia entre 0 e 1), valor que qualifica São Bernardo do Campo como município com desenvolvimento humano muito alto.

Também o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) coloca o município entre aqueles com alto desenvolvimento, atingindo 0.8593 pontos (o índice varia entre 0 e 1). Não obstante a todo esse avanço, o município tem experimentado um abismo maior entre ricos e pobres, ou seja, maior desigualdade.

O Índice de Gini é uma das estatísticas que se propõe a mensurar tal nível de desigualdade. Varia entre 0 e 1, sendo 0 a maior igualdade possível e 1 a maior desigualdade possível. Com seus 0,54 pontos, São Bernardo é o município com maior Índice de Gini da Região do ABC. Ao contrário do que se esperava a partir dos avanços obtidos em diversas áreas sociais, nos últimos 20 anos, o Índice de Gini aumentou cerca de 8%.

Corrobora tal indicador o cálculo da porcentagem da renda apropriada pelos 10% mais ricos. Em 1991, 37,9% do total da renda da população de São Bernardo estava na mão de apenas 10% da população. Esse número cresceu e hoje equivale a 42,7%

Assim, no mês que São Bernardo do Campo comemora seus 461 anos, deve-se registrar e aplaudir os avanços conquistados pelo município nesses últimos 20 anos. Não obstante, fica a reflexão sobre que há ainda muito caminho a percorrer nas conquistas na área social, especialmente em função da marcante desigualdade social ainda presente.

Prof. Dr. Leandro Prearo é gestor do Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Inpes/USCS) e professor do Programa de Mestrado e Doutorado da USCS.

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