Economia solidária cresce no ABC

Feirinha localizada no centro de Mauá concentra artesanato e outras iniciativas. Foto: Pedro Diogo

Trabalhadores do ABC têm se engajado cada vez mais em fonte alternativa de geração de trabalho e renda, chamada Economia Solidária. É uma forma diferente de empreender, em que o lucro é visto com outros olhos. Diferentemente dos empreendimentos tradicionais, na Economia Solidária a empresa não tem dono. Todos são proprietários do negócio e a gestão é desenvolvida em conjunto com todos os colaboradores.

É uma alternativa importante, por exemplo, para quem teve pouco acesso à escolaridade e enfrenta dificuldade de entrar no mercado tradicional de trabalho. “É uma grande ferramenta de inclusão social dos trabalhadores que tiveram menos oportunidades na vida”, avalia o secretário de Trabalho e Renda de Mauá, Marcelo Lucas Pereira. “Muitas [pessoas] tiveram de parar de estudar, foram buscar trabalho para ajudar no sustento do lar e não conseguiram”, constata o secretário.

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Sustento
A Economia Solidária virou opção de sustento para diversas famílias da região. Em Mauá, uma feira que funciona no centro da cidade concentra pequenos empreendedores que trabalham com diversas atividades, principalmente artesanato.

Há cerca de três anos presente na Feira de Artesanato de Mauá (Feirama), Antônio Donizete viu no artesanato uma oportunidade de continuar a trabalhar. “Sempre trabalhei como metalúrgico. Quando me aposentei daí comecei a trabalhar com minha filha em uma lojinha pequena. Ela fazia crochê e comecei a brincar com artesanato. Fui brincando com os panos e desenvolvendo a habilidade”, conta.

Mas nem tudo são flores. Em muitos casos em que o poder público precisa assumir papel central como incentivador da economia solidária, o apoio não acontece. “A gente deveria ser mais valorizado”, reclama Joselice Maria Santos, artesã que vende seus produtos de crochê na Feira de Artesanato de Mauá.

O espaço é alvo de reclamações dos empreendedores, que apontam estrutura precária: mesmo instalada em um local central (final da avenida Barão de Mauá, sentido Centro), o movimento no espaço é pífio devido à falta de divulgação e a presença de usuários de drogas.

Histórico
Para o coordenador do GT (Grupo de Trabalho) Trabalho e Renda do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Nelson Tadashi, a região tem potencial para contar com mais iniciativas de economia solidária.

Tadashi lembra que o processo de crescimento deste ramo da economia, de perfil cooperativista, teve início no final dos anos 1990 na região. “Algumas empresas não se adaptaram ao novo patamar competitivo e à abertura de mercado. Acabaram sucumbindo à crise de 1997”, recorda Tadashi. “Trabalhadores dessas empresas se reuniram através de cooperativas para assumir o controle das empresas falidas”, completa.

Um exemplo é a Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia), em Diadema, criada em 2000 por trabalhadores que assumiram a massa falida da Conforja. Outro exemplo de peso é a Coopcent (Cooperativa Central do ABC), formada por grupos organizados que realizam a coleta seletiva na região.

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