Saúde de Diadema é alvo de críticas

“Espero há dois meses para dazer exame e quem sabe curar minha hérnia que apareceu em 2011” – Manoel Gomes da Lima, aposentado / Foto:Rodrigo Lima

Demora no atendimento, meses para conseguir marcar exame, lotação dos equipamentos, falta de médicos gerais ou especialistas. As constantes reclamações da população na área de saúde em Diadema não combinam com a marca da cidade que mais investe em saúde no ABC. Diadema recebeu repasse de R$ 280 milhões, equivalente a 30% do orçamento – o dobro da taxa mínima estipulada pela Constituição Federal – no início da gestão do prefeito Lauro Michels (PV), mas tem sido alvo de diversas críticas e motivo de insatisfação para funcionários e pacientes dos equipamentos.

Apesar da manifestação dos servidores públicos de Diadema contra a gestão do atual secretário de Saúde, José Augusto da Silva Ramos (PSDB), na semana passada, nenhum retorno foi dado em relação à pauta de 19 itens entregue ao Executivo com reivindicações sobre mudanças no comando da Pasta e melhores condições de trabalho aos médicos que atuam na rede pública de saúde.

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Segundo Jandyra Uehara, presidente do Sindema (Sindicado dos Funcionários Públicos de Diadema), o acúmulo de serviço e a demora no atendimento são resultados da falta de médicos e técnicos de enfermagem em atuação. “Não é apenas uma questão salarial, mas também de plano de carreira e isso acaba refletindo no frequente mau atendimento aos pacientes da rede pública”, afirma Uehara.

Entre as reivindicações dos servidores do município está a redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais sem perda salarial. Para o chefe do Executivo, Lauro Michels, a cidade está sem elasticidade de argumentar qualquer diminuição de rotina e nem alterar a folha de pagamento.

Segundo o prefeito, a redução da jornada é inviável, principalmente na atual situação da saúde brasileira. “No início do ano dobramos o salário dos médicos para R$ 12 mil e agora estamos estudando os bancos de horas junto com o Sindema, para reestruturar de acordo com o que é viável para o município”, diz o prefeito, que prevê contratação de 40 médicos para suprir os 50 profissionais exonerados pelo secretário José Augusto desde o começo do ano.
 

Atendimento é demorado

O equipamento de saúde de Diadema que o RD tem recebido mais reclamações é o Quarteirão da Saúde. A unidade inaugurada em 2008, com investimento de R$ 70 milhões pelos governos federal e municipal, atua com 28 especialidades, num corpo clínico formado por 242 profissionais.

Mas para a dona de casa Célia Regina de Lima, 41 anos, não parece ser suficiente para atender a quantidade de moradores do município. “Aguardo há dois meses para marcar consulta para o meu pai de 75 anos, que está com problema de hérnia desde 2011 e não consegue encaminhamento para cirurgia. Até passar pelos exames e pegar os resultados, será que ele vai aguentar esperar mais tanto tempo?”, questiona emocionada.

A aposentada Jurema Marcondes sofre de problemas vasculares e inflamação nos membros inferiores. Diz que aguardou por consulta durante cinco meses, pois alegavam que as agendas estavam lotadas. “É a quarta vez que passo com o vascular daqui, mas fiz exame completo apenas uma vez e continuo tomando medicamento. Como o médico sabe que meu problema está melhorando ou piorando se não repito os exames?”, questiona.

As dúvidas entre os pacientes são comuns. Maria Aparecida de Souza [nome fictício], de 60 anos, há um ano não conseguiu saber o resultado da mamografia, pois o exame desapareceu. “O Quarteirão informa que está na UBS e a UBS informa que está no Quarteirão. Fico nesse vai e vem e sem meu exame”, diz a aposentada.

Segundo Lauro Michels, a meta é reformar todas as unidades básicas de saúde, porém afirma que para a saúde pública de Diadema melhorar é necessário investimento em médicos e suporte para exames através de custeio do governo federal. “O Quarteirão exige 40% da minha receita da saúde e não atende em sua capacidade máxima. O município gasta demais no Quarteirão e deixa de investir nas demais unidades por falta de custeio”, afirma o prefeito. 

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