11 escolas sem biblioteca e laboratório é uma vergonha para São Caetano, diz secretário

Daniel Contro afirma que vem fazendo malabarismo com os recursos, diante da dívida herdada da gestão do ex-prefeito Auricchio, no valor de R$ 264,5 milhões.

“São Caetano tem de estar entre as 10 melhores do Brasil em Educação. Se acham que investir nisso é caro, pergunte quando custa a ignorância”. É com essa visão que o secretário da Educação de São Caetano, Daniel Contro, vem conduzindo a Pasta, que antes se orgulhava de levar o município a ocupar a posição que, agora, tenta retomar. Contro promete uma revolução no que desenha como descentralização dos equipamentos, baseada na montagem de biblioteca e laboratório de Ciência em cada escola municipal. “Por meio da economia com o projeto da Fundação Lemann, que vem adotando escolas do município a custo zero, teremos economia de R$ 12 milhões ao fim do ano, que serão revertidos em novos equipamentos. Hoje, são 11 escolas sem biblioteca e laboratório. Isso é uma vergonha para uma cidade como São Caetano. Também vamos focar na estruturação do programa de reforço, com merenda especial para que o aluno permaneça no ambiente de aprendizado. Estamos criando um grupo de vários professores para executar esse reforço, a exemplo do que o melhor país do mundo em Educação, a Finlândia, faz”, ressalta o secretário durante entrevista à RDtv.

O segredo para o sucesso na educação, segundo Contro, é o reforço para os alunos que não acompanham o aprendizado. “Também investiremos no material pedagógico específico para isso”, enfatiza. A parceria com o instituto Lemann também rendeu aos educadores o curso de formação de líderes escolares da Universidade de Stanford, na Califórnia, Estados Unidos. “É o melhor do planeta, sendo oferecido a todas as equipes escolares. Além disso, as crianças são beneficiadas também com equipamentos. Já são 200 notebooks entregues pela fundação. Com isso, a Prefeitura deixa de gastar cerca de R$ 1 milhão por mês para fornecer esse material, sem a mesma qualidade agrupada”, diz. Dentro das novidades para o setor, o titular da Pasta anuncia que o prefeito, Paulo Pinheiro (PMDB), pretende construir mais duas escolas, além de reformar 20 já existentes.

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O secretário elenca diretrizes para traduzir o que chama de um novo modelo pedagógico, resgatando métodos de ensino que foram referência no passado. “O foco hoje é a formação do professor e na sala de aula, com mais tarefa para o aluno, lição de casa e mais disciplina, além de metas mais definidas e a família mais próxima da escola. É o arroz com feijão do ensino que dá resultado no mundo inteiro”, dispara. Contro considera que o município tem boa educação, mas é bastante crítico quando fala nos resultados que isso produz diretamente. “Esse resultado não quer dizer nada porque a Educação no Brasil é péssima. O ensino público não é bom em lugar nenhum. Mesmo os melhores alunos, quando concorrem com estudantes de boas escolas particulares para as melhores universidades, não conseguem as melhores colocações. Isso é tirar das crianças a expectativa de um futuro melhor”, avalia.

Digital

Dentro da perspectiva de revolução educacional que Contro propõe, a maior crítica está na centralização de recursos que se promoveu nos últimos anos, em termos de recursos tecnológicos, como o Centro Digital, obra que salta aos olhos, em plena Avenida Goiás, e que foi uma das marcas do ex-prefeito José Auricchio Jr. (PTB). “Estamos estudando como seria essa mudança, mas esse modelo não tem sentido. Tirar a criança da escola para levar até um centro é perda de tempo. A informática não está mais no centro. Ela está difusa. Tem de ser acessível ao aluno e estar na mão do professor. Quanto ao Centro Digital, uma saída é a sugestão da filha do prefeito. Ali daria um ótimo Maspinho, explica.

O conceito de revolução educacional, na visão do secretário, não deixa de lado a importância dos pais no processo de ensino, seguindo uma referência regional que busca mais envolvimento entre os pais e a escola. “Temos de fazer uma grande campanha no ABC para que os pais sejam mais participativos. Em São Caetano, estamos trabalhando muito no projeto da escola de pais. A idéia é levar a família para dentro da escola”, diz.

Recursos

Para atender à expectativa desse novo projeto de Educação, Daniel Contro afirma que vem fazendo malabarismo com os recursos, diante da dívida herdada da gestão do ex-prefeito Auricchio, no valor de R$ 264,5 milhões. “Essa divida debilita e enfraquece qualquer gestão. O prefeito e toda a equipe precisa de um bom tempo para equilibrar isso, e os efeitos foram sentidos também na Educação. Tivemos de cortar gastos, ter prioridades mais definidas e, sobretudo, criatividade. Por exemplo, queremos melhorar os salários, mas a divida impossibilitou isso até agora. Encontramos uma Secretaria enfraquecida, do ponto de vista pedagógico, até porque as relações pessoais estavam ruins, a gestão era autoritária e os recursos não obedeciam às prioridades. Os contratos eram extravagantes na área de tecnologia e tudo está sendo revisto”, destaca.

Justamente por conta desse quadro, Contro vem sendo cuidadoso sobre novos contratos, inclusive segurando alguns deles, o que já lhe rendeu inúmeras críticas. “Recebo as críticas em nome das crianças com muito orgulho. Não vamos assinar nenhum contrato nebuloso. O dinheiro já não é muito, e se não priorizarmos a sala de aula, não vai adiantar. Estamos brigando sobre contratos que criaram uma parafernália tecnológica na cidade, mas não representam aprendizado. Contratos que são esmolas à população. Não precisam de esmola de uniforme ou kit escolar. Precisam de bons professores, bem remunerados e capacitados. Nesse sentido é que estamos resistindo aos vícios nessa área”, dispara.

O secretário também afirma que a centralização dos recursos precisa mudar. “É uma questão que tem que ser repensada. Não temos o controle da gestão. O prefeito tem atendido nossas solicitações, por isso, as prioridades em Educação estão sendo respeitadas, mas não temos o controle das verbas. O ideal é que uma equipe de técnicos possa fazer a gestão. Não quero o controle e nem sei fazer isso. Mas, é algo que conspira contra a Educação, já que a verba não é pensada pelos Educadores”, explica.

O secretário anuncia que pretende estabelecer novas parcerias e buscar verbas dos governos Estadual e Federal para cumprir esse projeto todo na Pasta. “Usamos muito mal esses meios. Não havia interesse na gestão anterior de fazer isso. Hoje, estamos com uma equipe para estruturar melhor as maneiras de usufruir desses recursos”, adianta.

Missão

Sobre as informações ventiladas de uma possível reforma no primeio escalão da Prefeitura, Contro afirma que não existe nenhuma conversa formal com o prefeito e que não pretende deixar a Secretaria. “A gente sente o chamado das crianças, e acho que posso dar uma pequena contribuição aos alunos. Foi um professor que me influenciou e fico pensando, quando olho para eles, quem serão daqui a 15 ou 20 anos. Isso não é demagogia. Estou aqui porque tenho essa missão e acredito no Dr. Paulo Pinheiro. Não sei por quanto tempo, mas nosso desafio é que São Caetano seja referência em Educação”, finaliza.  

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