
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que, no primeiro quadrimestre deste ano, o ABC registrou a abertura de, pelo menos, 158,2 mil postos de trabalho com carteira assinada entre as sete cidades. O número é 20,5% superior na comparação com o mesmo período de 2023, quando 131,2 mil conseguiram a formalização.
Dos cinco grandes setores da economia analisados pelo Caged, todos registraram índices positivos no que se refere a novos trabalhadores que ocuparam vagas de emprego. Contudo, chama a atenção de especialistas o índice de trabalhadores na indústria, uma vez que o ABC é conhecido por ser berço do setor automobilístico e o segmento não ter despontado.
Para o professor Sandro Maskio, economista e professor da Strong Business School, os números deste segmento apresentam um cenário “neutro”, sem muitos novos empregados e poucos desligamentos. “Nada chama atenção no setor automobilístico, o que é bastante triste, tendo em vista o reconhecimento do ABC no setor”, frisa. Segundo Maskio, o que ajuda a justificar o índice são as poucas ações efetivas para um mercado mais atrativo e competitivo.
No entanto, sabe-se que o setor de serviços é um dos que mais tem despontado nos últimos anos, o que se soma ao trabalho terceirizado desempenhado dentro das próprias indústrias. “Por este motivo que também vemos um grande disparo do setor de serviços propriamente dito”, explica o professor, que aponta os serviços nas áreas de saúde, administrativos e alimentação como aqueles que também aparecem em destaque na pesquisa do Caged.
Desligamentos crescem 11,6%
Já no que se refere ao índice de desligamentos, no primeiro quadrimestre do ano passado, 125,8 mil pessoas perderam emprego no ABC, número no entanto 11,6% inferior do que o registrado no primeiro quadrimestre deste ano, quando 140,4 mil pessoas foram desligadas de suas funções. Diante dos números, Maskio afirma também não estar surpreso, tendo em vista as constantes variações conforme o passar dos meses.
“Estamos flutuando dentro de um padrão histórico brasileiro, com uma média de 7,4% de desemprego. Se pensarmos que a taxa média do Brasil é 7,9% e já chegamos a 6, estamos dentro do padrão”, afirma o professor ao lembrar que no momento da pandemia, este número chegou a 15%. “Agora estamos em outro contexto, com maior número de pessoas em idade ativa e disponível no mercado”, analisa.
Maskio acredita que a recuperação da atividade econômica deve seguir na região a passos lentos para os próximos meses e sem mudanças significativas. “Não devemos ter grandes sobressaltos, ainda mais no ritmo lento que ainda estamos”, afirma.
Segundo o economista, outro comportamento analisado é o de mais empresas que formalizaram seus trabalhadores, os tiraram da informalidade. “E isso é um comportamento que deve seguir. Temos percebido essa movimentação do trabalhador que sai da informalidade e tem sua carteira assinada, com os direitos garantidos, e isso tem acontecido cada vez mais”, completa.