O Dia Mundial do Idoso, celebrado neste domingo (01/10), sensibiliza a sociedade sobre as questões do envelhecimento, e lembra a necessidade de proteção, cuidado e respeito com a população idosa. Para se ter ideia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que mais de 55 milhões de idosos vivem em condição de demência em todo o mundo, com inclusão do Alzheimer, o que motiva o maior crescimento na busca por casas de repouso pelo País.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o índice da população idosa no Brasil também cresceu, com um salto de 11,3%, em 2012, para 15,1% atualmente, o que tem causado a maior dependência por abrigos e casas de repouso, junto ao fator das condições mentais dos idosos.
Alta de 30% no índice de internações
Luciane Martins, enfermeira e diretora do Lar dos Avós, em Santo André, conta que a procura pela casa cresceu em média de 30% entre 2022 e este ano, e a principal justificativa é que as condições de saúde dos idosos têm impactado na procura por estes serviços. A casa, que fica na Vila Bastos, abriga atualmente 33 idosos.
No Residencial Sol da Manhã, também situado na cidade, a situação não é diferente. O aumento notado pela administração foi o mesmo, cerca de 30% entre um ano e outro. Neste caso, a principal justificativa é que a maioria dos idosos é portadora do diagnóstico de demência, o que aumentou o índice de internação.
Internação
Para muitos, a opção de utilizar casas de repouso torna-se uma alternativa diante das necessidades de cuidado com a população acima dos 65 anos, muitas vezes em caráter moral, para não assumir a responsabilidade direta do cuidado dos idosos. O poder aquisitivo de determinados grupos ainda facilita essa dinâmica, tornando-a mais aceitável. É o que conta Paula Britto, socióloga da Secretaria Estadual de Educação e mestre em sociologia.
Em entrevista ao RD, Paula fala sobre como o envelhecimento populacional e mudanças sociais influenciam a busca pelas instituições de longa permanência. A socióloga conta que a percepção atual de valores neoliberais indica que temos nos tornado mais individualistas, e isso afeta a maneira como as famílias se organizam. “Se torna mais aceitável socialmente não nos sentirmos obrigados a cuidar dos idosos da nossa família”, enfatiza a professora.
Além disso, a profissional afirma acreditar que o idoso com demência – o que também leva ao aumento nas internações – é assunto de saúde pública, pois ultrapassa a questão de uma abordagem familiar, já que as tradições de cuidados com os idosos têm mudado, assim como as condições financeiras.
Para se ter ideia, idosos com demência representam 10,5% da população do Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).