
Criminosos utilizam nova técnica para ter acesso a dados de cartões de crédito e, desta forma, expandiram os golpes com compras não autorizadas. A prática é nova, mas já ascende alerta quanto aos cuidados.
O processo de clonagem acontece a partir de um programa malicioso instalado nas maquininhas, muitas vezes, pelos próprios comerciantes. O software infecta os sistemas de pagamento por cartão e gera falso erro ao não autorizar o pagamento por aproximação, a partir de então, o consumidor se vê obrigado a inserir o cartão e digitar a senha. Com isso, os dados do cartão são copiados, assim como a senha. Na primeira tentativa a operação não é realizada, no entanto, na segunda operação o valor combinado na hora da compra é descontado e o comprovante emitido como na transação normal.
Para ação ter efetividade, um sofisticado esquema é promovido pela quadrilha. Um membro do bando liga para o comércio, normalmente aquele pequeno de bairro, e afirma ser da intermediadora e induz o comerciante a clicar em um link e instalar uma suposta atualização no equipamento. Com o malware instalado, o vírus libera portas, outro golpista, este especialista em tecnologia da informação, passa a acessar o sistema de e controlar todas as informações contidas e inseridas na maquinha de cartão. A captura de dados é silenciosa e sem qualquer sinal de que esteja ocorrendo.
O tipo de ataque tem como peso a chamada engenharia social. “Um terminal de caixa, ou de um posto de combustíveis, por exemplo, tem um computador com o sistema bancário para o processamento dos pagamentos, no entanto, este equipamento deveria ser dedicado apenas para este fim”, explica Diego Marques de Carvalho, mestre em Ciência da Computação e professor de programação de computadores e segurança da informação do Centro Universitário Fundação Santo André.
Com o equipamento utilizado para outros fins, como o acesso a vídeos, e-mails e compartilhamento de dados, sejam eles pela internet ou por meios físicos, como pen drivers, ou até mesmo para o carregamento de um celular, as vulnerabilidades do sistema são potencializadas.
Como se proteger
Para dificultar a ação dos cibercriminosos, o especialista recomenda sempre manter o sistema operacional dos terminais de pagamentos atualizado, não clicar em links desconhecidos ou de origem duvidosa, usar antivírus, não fazer a utilização de softwares pirateados, habilitar autenticação em dois fatores e não inserir dispositivos removíveis nos terminais de pagamento.
Os consumidores devem evitar fornecer informações pessoais sensíveis e optar por pagar com cartão de crédito virtual, monitorar as transações bancárias e ativar as notificações automáticas para cada operação realizada.
Victor Paulo Ramuno, advogado especialista em direito do consumidor e coordenador do GT (Grupo de Trabalho) Procon do Consórcio Iintermunicipal do ABC, diz que o fornecedor deverá dar explicações, caso a fraude seja constada em seu estabelecimento. “Ele também precisa se precaver. A polícia também vai apurar a conduta para saber se não há conveniência”, diz.
Já os consumidores, ao notarem que foram vítimas de fraude, devem ir o mais breve possível a um distrito policial e, ainda, procurar o Procon da cidade, para que medidas administrativas sejam tomadas para estorno ou bloqueio de valores junto às instituições bancárias.
O RD procurou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) para buscar números de vítimas desta nova modalidade de crime, mas nenhum dado compilado foi divulgado. “A Divisão de Crimes Cibernéticos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais, esclarece que se mantém em busca das informações a respeito do golpe para reforçar as apurações e resultar, o quanto antes, na identificação e prisão dos autores dos crimes”, diz a nota.