Redução de gás russo prejudica planos de estocagem da Europa para o inverno

A redução nas entregas de gás natural da Rússia à Europa está complicando os planos de estocagem no continente durante o verão local, o que pode provocar escassez no próximo inverno europeu.

No setor de energia, os meses de verão na União Europeia (UE) são conhecidos como a “estação de estocagem”. A menor demanda por gás natural permite que o bloco reabasteça sua vasta rede de armazenamento subterrâneo para os meses mais frios, quando o consumo dispara. O armazenamento inclui cavernas de sal e rochas porosas, aquíferos e campos de gás esgotados. O esforço deste ano para reabastecer esses reservatórios tornou-se um indicador observado de perto da segurança energética da Europa.

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O trabalho se tornou muito mais difícil depois que a Rússia cortou, na semana passada, quase pela metade seus suprimentos através de seu principal oleoduto para a Europa. Em resposta, a Alemanha lançou neste fim de semana uma série de medidas de emergência, dizendo que reiniciaria usinas a carvão e ofereceria incentivos para que as empresas reduzissem o consumo de gás natural.

Os fluxos de gás através do gasoduto Nord Stream, a principal via para o gás russo para a Europa, caíram acentuadamente em relação aos níveis normais para esta época do ano, segundo analistas. Se permanecerem nos níveis atuais, a Europa terá dificuldades para atingir 70% da capacidade de armazenamento até novembro, disse Kateryna Filippenko, principal analista de pesquisa global de gás da consultoria Wood Mackenzie.

Isso ficaria aquém da meta da UE de atingir 80% de armazenamento até 1º de novembro. Se não atingirem este objetivo, os estados membros da UE vão racionar gás usado para aquecer residências ou reduzir fluxos à fábricas que produzem fertilizantes e outros produtos de uso energético intensivo. Um inverno frio no próximo ano pode esgotar os suprimentos mais rapidamente do que o normal, ameaçando a escassez total.

Nos últimos dias, o armazenamento em toda a UE era de cerca de 54%, de acordo com o grupo industrial Gas Infrastructure Europe. Ainda que o porcentual atual seja superior aos 44% do mesmo período de 2021, analistas dizem que as novas restrições de oferta estão colocando em risco a meta de 1º de novembro. Os preços do gás natural no noroeste da Europa subiram mais de 50% na semana passada e são mais de quatro vezes maiores do que há um ano. O mercado está se movendo mais com medo da escassez do que da necessidade imediata, disse Stuart Joyner, analista de energia da corretora Redburn. “O que isso está mostrando é que realmente não temos margem de erro no fornecimento de gás europeu.”

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