Neste sábado (14/05) o Movimento Pró-Instituto Federal do ABC vai realizar a sua primeira reunião de trabalho e apresentação das comissões que, até o final do ano devem apresentar um projeto que vai ser o embrião do instituto. A proposta é que o governo federal crie uma instituição educacional na região com unidades em cada uma das cidades e que vai atender ao ensino médio técnico e também cursos de graduação e extensão que serão definidos conforme o perfil empresarial da região. A iniciativa precisa também de apoio da sociedade civil e de políticos, já que a sua criação depende da aprovação de projeto de lei na Câmara dos Deputados.
O lançamento do movimento aconteceu no dia 2 de abril e agora neste primeiro encontro vão se reunir os integrantes os quatro grupos de trabalho definidos e as discussões serão abertas à comunidade. O evento tem início às 14h no Campus de Santo André da UFABC (Universidade Federal do ABC). Para falar desse processo de criação do instituto o coordenador do movimento, professor José Amilton, conversou com o jornalista Leandro Amaral, do RDTv, nesta sexta-feira (13/05). Amilton tem uma trajetória como professor na região e, desde 2015, está morando em Marabá (PA). Porém, mesmo com a distância continua atuando firmemente no movimento.
Movimento
“Estou morando em Marabá, onde temos uma série de instituições públicas do governo federal, e no ABC temos uma ausência do Estado brasileiro quanto a políticas públicas na área educacional. A primeira instituição pública federal data de 2005”, disse o professor sobre quando foi criada a UFABC. “Esse tema esteve presente em várias discussões entre 2013 e 2015 da secretaria de educação de Santo André, na época havia a possibilidade de vir o instituto federal de São Paulo, mas essa ideia acabou não vingando. Nesse momento a gente está revisitando essa demanda, essa reivindicação de que queremos o Instituto Federal do ABC no sentido de que todos os municípios da região tenham uma unidade. Nesse momento estamos com o movimento, tem muitos atores e setores da sociedade envolvidos”, conta o professor.
Segundo Amilton a região que tem 2,8 milhões de pessoas comporta um instituto federal. Atualmente os investimentos federais na educação do ABC se resumem a UFABC, com campus em Santo André e em São Bernardo, e a Unifesp, com campus em Diadema. Para o professor as mudanças na matriz econômica do ABC, hoje já não tão dependente da indústria metalúrgica, favorecem a criação de instituições formadoras de mão-de-obra qualificada para as novas demandas. “O instituto federal tem uma preocupação inicial de trabalhar com o Ensino Médio técnico, ensino em tecnologias e, ao mesmo tempo, a possibilidade de ter cursos de graduação e até mesmo de especialização. Então esse é um processo importante que estamos começando a debater, tem o momento político que é favorável a essa discussão. O instituto pode fazer a diferença nesse sentido, primeiro a gente está passando por um processo de desindustrialização há muito tempo e tem toda uma mudança no ABC. Ao mesmo tempo o instituto federal vai trabalhar com a formação de jovens, especialmente os alunos do nono ano que vão entrar no ensino médio e também a possibilidade do ensino de graduação”.
Pesquisa
De acordo com José Amilton, além da formação técnica e de graduação o IFABC também trabalharia com pesquisa e extensão. “Esse é o diferencial em relação a outras experiências. Os professores geralmente são doutorados isso faz uma diferença enorme na formação dos alunos e também no sentido da pesquisa e a própria extensão. Ao mesmo tempo tem um diálogo não só com os alunos, mas com toda a sociedade o que pode potencializar uma série de discussões no seio das tecnologias, isso é importante para nós, importante para a região, principalmente por conta dessa mudança de perfil do ABC”.
De acordo com a proposta o IFABC seria único, pois se formata de acordo com o perfil da região. “Não existe modelo igual, cada instituto tem a sua autonomia e o modelo é construído com o coletivo. Se pegar, por exemplo, a cidade onde eu moro temos duas unidades do Instituto Federal do Pará; uma unidade do Instituto Rural, que trabalha com pequenos agricultores e também com o MST (Movimento dos Sem Terra) e outros trabalhadores, e o Urbano, que é mais focado nas questões da cidade, mais ligado à indústria e o comércio. No caso do ABC temos que construir o nosso próprio instituto, com o nosso próprio rosto ou vários rostos”, diz Amilton.
Projeto
Para elaboração do projeto foram estabelecidos quatro grupos de trabalho; coordenação, comunicação e design, estudos e diagnóstico do ABC, mobilização e participação da comunidade, e o grupo de proposta pedagógica. Este último é o que vai dar o rosto do ABC ao instituto federal. Com a implantação a proposta é que o instituto seja inteiramente bancado, desde a implantação e o custeio, pelo governo federal. Além da formação das carreiras a ideia é que o IFABC tenha uma matriz curricular bastante ampla, voltada para literatura e formação humana e o objetivo é que o projeto esteja pronto até o fim deste ano. “Vão começar os estudos e estabelecer calendário de apresentação de resultados e no final do ano teremos um estudo completo. Temos que apresentar junto com deputados como projeto de lei e se aprovado vai para o MEC (Ministério da Educação e Cultura). Já temos contado com os deputados federais Vicentinho e Paulo Teixeira. Vamos fazer também um abaixo assinado com a participação de pelo menos 30% da população do ABC”, concluiu o coordenador do movimento.