Com tendência de passar a meta da inflação neste ano e de elevar ainda mais nos próximos meses, ter controle sobre as finanças é mais que necessário para o consumidor não se perder em dívidas e empréstimos. Isso porque o aumento dos preços de produtos básicos está elevado e compras extras, ainda mais em época de fim de ano, podem dificultar a vida financeira de muita gente.
A recomendação neste momento é colocar na ponta do lápis o valor de tudo que é gasto, sugere Antônio Fernando Gomes, delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) do ABC e professor do curso de Ciência Econômicas da USCS (Universidade De São Caetano do Sul). “Vamos entrar no Natal e é muito difícil, como economista, falar para as pessoas terem cuidado, pois isso tem impacto no mercado. Podemos consumir, mas dentro da nossa renda e orçamento”, diz.
Ainda que seja difícil reservar dinheiro com o aumento da inflação, a segurança pessoal é maior, por isso o especialista avalia que é necessário que as pessoas tenham em mente as prioridades de gastos neste período. “É uma finança pessoal para a cidadania, e para não ficar endividado, ou ter ‘nome sujo’. Precisamos ter certeza que teremos uma conjuntura econômica, e o governo faz parte disso também”, cita ao lembrar que é necessário controle quanto ao salário e gastos.
A preocupação ainda maior com os gastos futuros vem após o Banco Central anunciar aumento da taxa Selic em 1,5, o que impacta de forma direta nos gastos do consumidor. “É um impacto muito grande no mercado financeiro, uma vez que a taxa Selic regula a circulação de títulos, faz com que o dinheiro fique mais caro, o impacto real do aumento dos juros é no custo de vida da população”, comenta.
Com o dinheiro mais caro, a circulação diminui a oferta monetária e tende a ficar mais escassa, informa Gomes, já que a ação retira o consumo e demanda. “É um efeito cascata, pois é o que estamos vendo, aumenta o gás, produtos primários, supermercado e varejo, isso tem um efeito espiral e ascendente, é uma curva que tende a ser ainda maior, e isso impacta diretamente nas fianças”.
Teto de gastos
O professor da USCS comenta que a ideia do governo é furar o teto de gastos, mas isso pode ter grande impacto negativo na economia, já que o País vai gastar mais do que recebe. “Esse aumento da taxa de juros vem justamente acompanhado de uma política do governo de furar o teto do orçamento, as pessoas não dão importância para essa discussão, mas furar o teto é dizer ao governo que ele pode gastar desmedidamente”, critica.
Acompanhado disso, com aumento dos juros e dinheiro mais caro, quem gastar mais dinheiro neste período vai usar a moeda mais cara no mercado, o que tende a elevar o endividamento, tanto para o poder político quanto para as famílias. “Veja uma família, o pai fura o teto de gastos dessa família, ele gasta mais do que ganha, e como isso? Pegando empréstimo do banco, mas uma hora a família quebra. É a mesma situação no nível global”, completa.