A síndrome pós-covid é alertada por profissionais da área da saúde como incógnita, já que ainda não foi possível identificar quais doenças e o perfil exato das pessoas que podem desenvolver sintomas após contrair o coronavírus. Em entrevista ao RDtv, o médico pneumologista, Elie Fiss, explica que os sinais podem variar dentre aspectos neurológicos, dermatológicos e até pulmonares, com sequelas permanentes. Assim, o especialista reforça a necessidade de continuar os cuidados mesmo após a completa vacinação.
De acordo com o médico que é também professor titular de Pneumologia do Centro Universitário Saúde ABC/Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), os casos podem ter sintomas mais leves, como alteração do olfato e paladar de forma prolongada e queda de cabelo. “É uma roleta russa, porque pode levar a óbito” diz. “As consequências, apesar de variadas, poderem ser muito graves e permanentes, como fibrose pulmonar, mas vão depender da extensão da doença, evolução e outros fatores”, explica.
As pessoas que ficaram entubadas ou sedadas por maior tempo podem ter lesão pulmonar mais acentuada e favorecer sequelas ainda maiores, o que não ocorre com os que contraíram a doença e não precisaram de internação, conforme explica o pneumologista, que ainda diz não ter conseguido identificar padrão de sequelas em seus pacientes, mesmo que os mais graves.
Segundo ele, apesar da grande possibilidade, a maioria das pessoas que se contaminaram não terão sequelas. “Alguns pacientes acabam tendo uma sequela ou outra alteração de função respiratória que pode levar a um quadro de falta de ar, mas nada muito grave”, diz. “Durante os primeiros dias após a covid, como inflama a musculatura, o cansaço por perda de massa muscular, principalmente em casos mais graves, pode estar relacionado a essa condição”, salienta.
Dentre as centenas de pacientes que Elie atendeu durante quase 1 ano e meio, quem estava vacinado de forma plena, com as duas doses ou dose única (Janssen) e após contrair a doença, precisou ser internado, não chegou a entrar no estágio grave da doença nem a morrer. “Uma dose da vacina não é suficiente para desenvolver a imunidade. Quero reforçar a necessidade do uso das duas doses da vacina que, aliadas às medida preventivas, é a única maneira de prevenir a infeção da covid-19 e não registrar óbitos”.
As eficácias da vacina podem ser medidas pela forma de contrair a doença e taxas de óbito, o que segundo o pneumologista tem mostrado ser de forma muito efetiva na luta contra a covid-19. “Está sendo uma resposta excelente, então o número de pacientes vacinados internados é muito pequeno, e mesmo se precisar de tratamento, não tivemos nenhum caso que evoluiu disso”, completa.