Como se não bastasse o atraso no pagamento de salários, férias e outros benefícios para os mais de 950 rodoviários ligados às sete empresas pertencentes ao Grupo Baltazar, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) em meio a pandemia do novo coronavírus (covid-19) parece piorar a situação dos trabalhadores do ABC.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários e Anexos do Grande ABC (Sintetra), Leandro Mendes da Silva, faltam potes de álcool em gel, máscaras de proteção e outros equipamentos de segurança mínima para que os trabalhadores possam atuar nas mais de 30 linhas da região com segurança. “As empresas não fornecem proteção para todo mundo, e isso faz com que os motoristas tenham que levar material de casa para manter a proteção, o que é difícil, uma vez que já estão sem os salários regularizados”, reclama.
As empresas envolvidas são: EAOSA de Santo André, Viação São Camilo, Viação Urbana, Viação Ribeirão Pires, Viação Imigrantes, Viação Riacho Grande e Viação Triângulo. “Se duas delas disponibilizam álcool em gel para todos os trabalhadores é muito, porque não chega nem a isso”, comenta.
Em entrevista ao RDtv o sindicalista lembra que o cenário chega a ser pior, uma vez que os motoristas atuam também como cobradores. “Atualmente o motorista desempenha duas funções, além de dirigir é cobrador, o que interfere ainda mais no cenário de pandemia, pois precisam manusear o dinheiro que é extremamente contaminado e se higienizar toda hora”, acrescenta ao lembrar que pelo menos cinco funcionários foram afastados por contrair a covid-19 enquanto três foram vítimas fatais.

Paralisação dos rodoviários
Diante da questão da falta de materiais de proteção, pagamento de salários, convênios médicos e odontológicos, além das férias – que também não foram pagas – os trabalhadores ameaçam paralisar as atividades nas sete cidades a partir de 00h desta quinta-feira (14/5), prazo máximo para que as empresas regularizem os pagamentos.
Os rodoviários, que estão com 43 dias de atraso em algum dos compromissos, caso do convênio médico – atrasado desde 30 de março – alegam ter recebido somente o ticket refeição até o momento. “Fizemos várias reuniões com empresários para acertar tudo e explicar a necessidade da regularização, mas não adianta, não honram com o compromisso”, declara o vice-presidente.
Além de todos os problemas, os trabalhadores sofrem também com outro agravante, o corte de salários desde o início da pandemia, em meados de março. “Alguns aposentados estão em casa com apenas 30% do salário sem o pagamento de convênios médico, enquanto outros que foram afastados não receberam sequer as férias”, completa. Segundo Silva, desde o isolamento social 400 rodoviários foram afastados, o que representa 50% do quadro de funcionários entre todas as empresas.