A Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) apontou que entre 2018 e 2019 o ABC gerou 2,1 mil novos empregos no setor da saúde, sendo 1.076 vagas com foco em serviços de atenção à saúde humana. Na contramão, ocorreram 361 desligamentos, 173 deles em atividades médicas ambulatoriais e 16 vagas no serviço de remoção de pacientes.
No acumulado entre 2018 e 2019, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, na região quem ofertou mais vagas nos setores público/privado foi São Bernardo, de 980 novas vagas com carteira assinada. Na sequência aparece Santo André com criação de 845 postos de trabalho, São Caetano (288), Ribeirão Pires (42), Diadema (32), Mauá (23) e Rio Grande da Serra fecha a conta com 10 vagas geradas entre 2018 e 2019.
Com as novas vagas, o contingente de trabalhadores em hospitais, clínicas e laboratórios da região chegou a 39.311 trabalhadores. “A iniciativa privada tem investido muito na saúde brasileira, correspondendo a 65% dos investimentos no País”, aponta Yussif Ali Mere Jr, presidente da federação.
Desligamentos
Apesar da geração de 23 novas vagas, Mauá teve 132 desligamentos no setor entre 2018 e 2019. Dados da pesquisa revelam que o segmento que mais sofreu com a redução de vagas foi o serviço de atenção ambulatorial, que perdeu 100 oportunidades, seguido dos serviços de complementação diagnóstica e terapêutica (-21), atenção à saúde humana (-6) e serviço de remoção de pacientes (-5).
São Bernardo, que aparece como líder das estatísticas de geração de empregos, também apresentou 87 desligamentos, a maioria no setor de atenção laboratorial executado por médicos e odontólogos (-73), seguido de nove desligamentos no setor de gestão à saúde e assistência a idosos e remoção de pacientes com sete desligamentos cada.
Em Santo André, foram 86 desligamentos, sendo a maioria no setor de atendimento hospitalar (-73), seguido de serviços de apoio à gestão de saúde e atividades de assistência social, com quatro desligamentos cada, três vagas a menos no setor de atenção ambulatorial e outros dois desligamentos no setor de remoção de pacientes.
Já em Diadema, apesar da geração de empregos, houve 34 desligamentos, a maioria nas atividades de assistência a idosos (-31). Ribeirão Pires contabilizou 10 desligamentos, São Caetano teve nove e Rio Grande da Serra, três.
Apesar dos desligamentos, Yussif defende que o setor da saúde chamou atenção com o número de empregos gerados em meio à crise econômica. “A crise que aconteceu entre os anos de 2015 e 2016 veio impactar a saúde somente em 2018, o que demonstra que a saúde é um ramo resiliente, que apesar de tudo gerou empregos e renda para a população”, afirma.
Contudo, o executivo afirma a necessidade de investimento público para aprimorar principalmente os setores públicos da saúde e fortalecimento nos serviços de treinamento e reciclagem de profissionais. “Nossa preocupação é aprimorar estes profissionais. Vemos o mercado crescer, a população aumentar e, com isso, a qualidade de vida também tende a crescer”, acrescenta.
Yussif alerta ainda que a proposta de unificar PIS e COFINS na Reforma Tributária e criar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) pode aumentar significativamente a carga tributária para as empresas de saúde, extremamente dependentes de mão de obra. “A reforma tributária não pode desestimular a manutenção e até mesmo o incremento de postos de trabalho”, destaca.
Saúde em expansão
O setor privado da saúde brasileira encerrou 2019 com pelo menos 80 fusões e aquisições envolvendo operadoras, hospitais, clínicas e laboratórios, sendo o maior volume de transações desde 2000. Segundo Yussif, o movimento deve continuar.
O País está consolidado como o oitavo maior mercado de saúde do mundo, dispondo de 6.742 hospitais, dos quais 64% são privados, e mais de 2 milhões de profissionais de saúde, entre médicos, auxiliares, técnicos e enfermeiros.
Atualmente, o Brasil ocupa o nono lugar mundial em gastos com saúde, com 9,1% do PIB, ou US$ 1.109 per capita (mais de R$ 300 bilhões por ano, segundo o Sebrae). A quarta população médica do mundo, com 2,18 profissionais por mil habitantes, é a brasileira.