ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Em crise, Rio suspende pagamentos

Todos os pagamentos da prefeitura do Rio estão suspensos desde segunda, conforme resolução publicada nesta terça-feira, 17, no Diário Oficial do Município. A decisão vem em meio a uma das mais graves crises enfrentadas na área da saúde, com funcionários em greve há uma semana por falta de salários e a população carioca sem atendimento básico.

A Justiça ainda determinou nesta terça-feira o repasse imediato dos valores bloqueados nas contas da Prefeitura para as Organizações Sociais (OSs) que administram hospitais e postos de saúde no Rio. Segundo o Tribunal Regional do Trabalho da 1.ª Região (TRT/RJ), as OSs já deram início ao pagamento dos salários de outubro, novembro e do 13.º salário dos funcionários, que estão em greve. O valor total bloqueado é de R$ 308,7 milhões.

Newsletter RD

Diretora do Sindicato dos Enfermeiros, Líbia Beluscci afirmou que a greve dos funcionários da saúde do município deve ser ampliada nas próximas horas, após a decisão da prefeitura de suspender pagamentos. Atualmente, a greve envolve apenas os 22 mil funcionários das OSs. Os hospitais que contam com servidores contratados diretamente pela prefeitura, como Salgado Filho, Souza Aguiar e Miguel Couto, embora sobrecarregados, continuam em pleno funcionamento. Com essa decisão, só os casos muito graves continuarão sendo atendidos, até que todos os atrasados sejam pagos. “A tendência é paralisar tudo.”

Na terça, servidores fizeram um protesto pela saúde na frente do TRT. O problema vai além dos salários atrasados, segundo eles. A dentista Julia Fernandes, de 28 anos, explicou que as unidades de saúde também sofrem com falta de material. “Não tem dinheiro para a manutenção.” Agente de Saúde na Rocinha, Eden José dos Santos, de 50 anos, disse que até serviços básicos como a limpeza das unidades, feita por funcionários terceirizados, está afetada.

Em nota curta, a gestão Marcelo Crivella (Republicanos) limitou-se a informar que a medida tem como objetivo ajustar o caixa do município, em função do arresto da Justiça; e ainda, que o procedimento é pontual e pode ser revertido.

A decisão de suspender todos os pagamentos e movimentações financeiras do Tesouro Municipal é sinal de uma situação de “estrangulamento financeiro”, na análise do consultor Raul Velloso, especialista em finanças públicas. “Isso quer dizer que o caixa disponível da prefeitura não dá conta das despesas de curtíssimo prazo”, explicou. Para ele, a suspensão de pagamentos é uma forma de sinalizar para uma situação extrema, o que a gestão Crivella deveria ter evitado.

Recurso

A Procuradoria-Geral do Município entrou com um recurso no Tribunal Superior do Trabalho para sustar o bloqueio de contas A Procuradoria alega que a medida “causa grave lesão à ordem pública e financeiro-orçamentária, ameaçando o pagamento do funcionalismo e a realização de despesas mandatórias de diversos tipos”. Argumenta ainda que os valores foram bloqueados com base em planilhas que ainda estão sendo averiguadas.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes