Em meio ao Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre o combate e prevenção ao suicídio, os equipamentos de saúde pública, escolas e prefeituras da região, se mobilizam e reforçam atividades voltadas ao tema. Mais do que conscientizar a população a respeito dos transtornos mentais, a campanha tem como foco alertar a população sobre os sinais de risco, que embora pareçam singelos, podem levar as pessoas a depressão e/ou suicídio.
Dados divulgados pelas prefeituras municipais revelam que, somente neste ano, 40 suicídios e outras 1.258 tentativas foram registradas em cinco das sete cidades da região. Ao menos 23 pessoas tiraram a própria vida em São Bernardo, enquanto 12 se suicidaram em Santo André, quatro em Diadema e uma ocorrência em Ribeirão Pires. Em relação ao ano passado, o número de pessoas que tiraram a própria vida, foi relativamente menor, variação de 46,8%, com suicídio de 78 pessoas, mas os números ainda preocupam.
Em entrevista ao RDtv, o psiquiatra da Rede D’Or São Luiz, Líbano Abiatar C. Monteiro, lembra que embora o número de ocorrências de suicídio seja alto, os registros são incertos, uma vez que nem todos são notificados. “Nem todas as mortes em decorrência do suicídio são registradas dessa forma. Algumas são subnotificadas e não chegam a ser registradas como suicídio em si”, afirma. Ainda de acordo com o especialista, a totalidade das pessoas que chegam a tentar ou cometem o ato, tem algum tipo de transtorno mental, e merece atenção especializada.
Sinais como isolamento, tristeza intensa, falta de apetite e empolgação para exercer atividades do dia-a-dia, são sinais de que algo não vai bem. “Família, amigos ou seja quem for a pessoa que estiver ao redor da pessoa e perceber essa mudança de comportamento, deve se atentar e procurar um especialista”, recomenda. Embora um sinal de alerta, o psiquiatra defende que o suicídio não deve ser compreendido como algo pontual, já que não tem relação direta com um evento específico, mas sim como a ponta de todo um processo de transtorno mental. “O suicídio é apenas o auge, a morte é o desfecho. Por isso temos que tratar ainda na base”, afirma.
Durante a entrevista, Abiatar afirma ainda que embora o suicídio seja uma das principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos, é necessário atenção redobrada com as crianças, uma vez que há aumento considerável de casos na faixa etária. “A cada vez mais vemos crianças isoladas, que reclamam de atenção e não se sentem acolhidas”, afirma. “Devemos ficar de olho e se houver indícios, buscar ajuda. Toda ameaça deve ser encarada de forma séria”, acrescenta.
Além das unidades básicas de saúde, quem precisar de ajuda, pode ligar gratuitamente no CVV (Centro de Valorização da Vida) por meio do telefone 188, buscar ajuda presencialmente ou no site www.cvv.org.br . Há voluntários 24h preparados para atuar na prevenção do suicídio com atendimento anônimo a quem sofre com transtornos mentais. Entre as três unidades onde o CVV atua (Santo André, São Bernardo e São Caetano), são mais de 7 mil contatos ao mês.