ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

Mercado dita escolha de cursos de Fatecs na região

O mercado cada vez mais dita o perfil de cursos superiores gratuitos de tecnólogos no Grande ABC, com o objetivo de absorver mão-de-obra. Neste mês, a primeira turma (com 40 alunos) de Produção de Materiais Plásticos iniciou as aulas na unidade da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Mauá, em função de uma parceria entre o Centro Paula Souza e empresas da cadeia plástica, representadas pela Apolo (Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC). Em três anos, os profissionais deverão estar disponíveis ao setor.

As iniciativas se multiplicam na região. Em Santo André, há um projeto para a criação de uma Fatec com o curso direcionado ao setor automotivo, na modalidade autotrônica (embarcada em veículos). Em Diadema, está programada mais uma unidade, com o curso de Cosmetologia, em função do APL (Arranjo Produtivo Local) de Cosméticos. Já em São Caetano, quem direciona a linha da futura Fatec é o segmento de TI (Tecnologia da Informação). Para a implementação desses módulos, as prefeituras somam-se às parcerias.

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A exigência de profissionais especializados deu o tom desse novo cenário na área de ensino superior técnico na região, a partir de 2002, quando foi inaugurada a Fatec de Mauá, com o curso de Tecnologia em Informática com ênfase em Negócios. No ano passado, foi implementada mais uma escola em São Bernardo. Lá é ministrado o mesmo curso, além da modalidade Automação Industrial em Tecnologia em Eletrônica. “O Grande ABC mostrou-se pioneiro na tecnologia avançada, por causa do parque industrial”, constata João Mongelli Netto, assessor para a Educação Superior do Centro Paula Souza.

Cadeia de plástico

Segundo o educador, o novo curso de Produção de Materiais Plásticos em Mauá é um exemplo dessa tendência. “Existe somente um outro similar na zona leste de SãoPaulo, desde 2002. O tecnólogo nesta área estará habilitado, desde a seleção da matéria-prima ao produto final. Poderá ser absorvido pelas indústrias de extração, planejamento e desenvolvimento de produtos, comércio e centros de pesquisa. Estará apto, inclusive, para consultoria”, afirma. O órgão estadual estuda a ampliação de vagas, que hoje são 40 no período noturno.

O presidente da Apolo, Antonio Fernando Pinto Coelho, afirma que o apoio da cadeia de plástico do Pólo Petroquímico visa o desenvolvimento de produtos. “As empresas Suzano Papel e Celulose, Polietilenos União, PQU (Petroquímica União) e a Recap-Petrobras injetaram R$ 200 mil cada para a montagem do laboratório do curso. A Polietilenos está avaliando ainda o investimento em outros equipamentos para a unidade”, informa.

Segundo o empresário, as indústrias apóiam tecnicamente a grade pedagógica. “A Fatec consultou os nossos laboratórios práticos, para montar o seu próprio laboratório e acompanhar a evolução do setor. Assim, a instituição criará possibilidades de emprego, desenvolvendo o setor terciário, com mão-de-obra qualificada”, diz.

O APL de Plástico, de acordo com Coelho, acompanhará e medirá os resultados do novo curso. “Nossa meta é ter 30 empresas de base para o desenvolvimento das demais. Na região, existem mais de 400 transformadores da cadeia de plástico, que começou a se constituir há cerca de dois anos”, afirma.

Coelho faz ainda uma análise conjuntural sobre a criação do curso de Cosmetologia, em Diadema. “Também é importante para a cadeia de Plástico, porque em dado instante, será necessário o uso de embalagem. Dessa forma, as duas se unem”, diz o empresário.

Gestação

Em Diadema, o processo se encontra “em gestação”, de acordo com Netto. “Estamos na fase de estudo para definir o perfil curricular do profissional de Cosmetologia e quais as exigências para a montagem do laboratório. O que vai definir isso é o interesse regional”, diz Mongelli Netto. Estima-se que hoje existam cerca de 110 empresas no Pólo de Cosméticos, localizadas no município.

Segundo o coordenador geral do Pólo de Cosméticos de Diadema, Ricardo Fioravante, a contribuição das empresas foi na grade curricular. “Três profissionais reconhecidos no mercado auxiliaram os professores da Fatec”, diz. Foram o vice-presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, Carlos Trevisan; a cosmetologista Maria Rita Mendonça de Resende e o químico e professor de pós-graduação do setor, Silvestre Resende. A expectativa dos empresários, segundo Fioravante, a partir de agora, é a obtenção de mão-de-obra qualificada.

A administração pública municipal, em contrapartida, cederá por dois anos um prédio, na alameda da Saudade, na região central da cidade, para abrigar a nova unidade da Fatec. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a Fundação Florestan Fernandes e a Central de Trabalho e Renda, que ficam no local, estão sendo transferidas para um outro espaço em setembro. Futuramente é cogitada a construção do prédio definitivo da faculdade em área doada ao Estado, pela Papaiz, no jardim Campanário.

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