Grafite ganha espaço no ABC

No dia 27 de março, foi o Dia do Grafite ou Graffiti – que provém do latim graffiti e do grego graphein. Mais do que imagens, riscos ou toques de cores deixados por pincéis e sprays em muros e fachadas, a técnica funciona como instrumento de expressão de pensamento e manifestação desde a Roma Antiga, quando se anunciavam grandes conquistas políticas com ilustrações. No entanto, para os grafiteiros, a data não é de comemoração, mas para relembrar a importância do manifesto e valorização da arte urbana.

Cada grafiteiro tem em suas obras características únicas, que os identificam facilmente. “Mesclamos aquilo que estamos vivendo e coisas que queremos manifestar. Atualmente tenho feito desenhos com crianças, pra mostrar a pureza e como o mundo seria diferente se fossemos iguais a elas”, explica Edson Jesus da Silva, ex-professor da oficina de grafiteiros da Casa do Hip Hop, em Diadema. Grafiteiro há 28 anos, Edinho, como é conhecido, começou com desenhos em panos de prato, junto com sua mãe. Hoje tem mais de 20 desenhos nos muros da região.

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Mais do que marcar território e repassar uma mensagem, os grafiteiros registram aquilo que as pessoas não têm voz para dizer, e embora seja um ato ilegal, pedem discernimento da pichação, uma vez que o piche pode ser relacionado com a palavra ou nome, e o grafite com caráter de ilustração. “Quando você vê um grafiteiro ou pichador em ação, não tem muito discernimento se é certo ou não […] A partir do momento que o ato do grafite é legalizado, ele é descaracterizado e passa a ser qualquer outro tipo de arte”, explica Luiz Prieto, grafiteiro e artista plástico.

Prieto se interessou pela arte aos nove anos, e aos 15 começou a grafitar com objetivo de ‘se libertar’. Atualmente ministra oficinas sobre o assunto e grafita na região. “As autoridades devem entender e tratar o grafiteiro como artista de rua, não como um bandido. Estamos apenas lançando tinta na parede, para gerar uma estrutura de pensamento e educação”, explica.

Morgan Freeman

Para o andreense Fábio Caetano, 38, conhecido por assinar os grafites como UNIC, a técnica tem relação direta com o pensamento e ação das pessoas. Entre as mais de 30 obras desenvolvidas na região, o artista já ilustrou gargalos sociais importantes, como o preconceito, liberdade, feminismo e o racismo. Uma das obras mais conhecidas é o desenho de Morgan Freeman, próximo à rua Elisa Fláquer, em Santo André, e o grafite da mulher guerreira próximo da avenida Perimetral, que faz alusão à liberdade.

Edson Aleksandro dos Reis, ou Aleksandro Reis, morador de São Caetano também começou com trabalhos em muros e hoje, aos 43 anos, grafita até escolas e bibliotecas, como em São Bernardo e São Caetano, entre elas a creche Santa Clara e a Biblioteca Fundação Salvador Arena.

As ilustrações mais conhecidas de Reis são uma homenagem de 10 anos da Lei Maria da Penha, desenvolvida no centro de São Paulo, painel street art, na avenida Lions, em São Bernardo, e o painel do ginasta Arthur Zanetti, no Centro Digital, em São Caetano. Com pincel e tinta na mão, o artista conta que começou morando na rua, em um terreno abandonado. “Mas trabalhei na roça e hoje pinto paredes, muro de escolas e com meu dom da arte registro imagens pelo País”, diz.

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