Argentina: Cristina Kirchner toma posse

Cristina Fernández de Kirchner jurou a Constituição nesta segunda-feira (10), no Congresso, como a primeira presidente eleita da Argentina, completando uma rara transferência de poder de marido para esposa, que o país espera garanta a contínua recuperação econômica. Também prestou juramento à Constituição o novo vice-presidente, Julio Cobos.

Cristina improvisou um discurso logo após o juramento, no qual pediu a Deus que espera se equivocar “o menos possível,” e disse que espera ter a força para executar sua tarefa. Ela citou Eva Perón e as Avós e Mães da Praça de Maio como exemplos de coragem das mulheres argentinas. Cristina também pediu a libertação da ex-senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt, cuja mãe, Iolanda Pulecio, estava na posse no Congresso.

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“Deus ilumine o presidente da irmã Colômbia para vislumbrar uma solução, sem que isso, é claro, signifique que nos metemos em assuntos internos (de outro país).” Cristina também elogiou a criação do Banco do Sul e disse ao presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, que não fará nenhum gesto que “aprofunde as diferenças que temos,” uma referência à disputa entre Uruguai e Argentina por causa da instalação de uma fábrica de celulose às margens do rio Uruguai. “Sempre sentiremos os uruguaios como nosso irmãos,” disse a Vázquez, acrescentando, porém, que a Argentina continuará com a ação na Corte Internacional de Justiça, em Haia contra o funcionamento da fábrica.

Em seguida, Cristina reivindicou os direitos de soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas (Ilhas Falkland), ocupadas pela Grã-Bretanha em 1833. Meia década após a moratória da Argentina, que o seu marido e presidente que deixou hoje o cargo, Néstor Kirchner, definiu como um “inferno econômico,” Cristina inicia um mandato de quatro anos, com o desafio de prolongar uma recuperação econômica que assistiu a taxas de crescimento de 8% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB), desde 2003.

“O governo que começa hoje será muito melhor que o governo que acabou,” disse Néstor Kirchner. Ele passou o poder presidencial a Cristina no Congresso, controlado por forças kichneristas. Os parlamentares aplaudiram com entusiasmo Cristina Kirchner, de 54 anos, e senadora por três vezes.

A polícia bloqueou os arredores do Congresso, no centro de Buenos Aires, e a cerimônia contou com a participação de vários chefes de Estado estrangeiros. Milhares de argentinos se reuniram nesta tarde nas ruas centrais para a festa da posse.

Cristina Kirchner obteve uma vitória com 45% dos votos contra uma dividida oposição, nas eleições de 28 de outubro. Agora, ela se junta à presidente do Chile, Michelle Bachelet, como a segunda mulher eleita a governar atualmente um país na América do Sul.

A alta aprovação do governo de Néstor Kirchner, de mais de 60%, ajudou Cristina a vencer, embora ela também tenha adotado uma campanha política astuta. Ao invés de debater com seus rivais planos de governo, Cristina preferiu se encontrar com outros líderes latino-americanos e europeus – projetando um talento diplomático que encobriu uma falta de experiência no executivo.

No poder, Cristina encontrará desafios: a inflação, que os economistas locais estimam estar nos dois dígitos, os escândalos de corrupção e uma confusa crise de energia. O desemprego aflige 10% da população economicamente ativa e 25% dos 39 milhões de argentinos ainda estão abaixo da linha da pobreza. Néstor Kirchner afirma que entrega à sua esposa um país “quase normalizado” da crise de 2001-2002, quando o valor do peso afundou e o país aplicou uma moratória de US$ 100 bilhões. (AE)

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