Das ruas para o cenário olímpico. A inclusão dos breakin no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires (Argentina), é encarada pelos bboys (praticantes da dança), em Diadema, como um grande salto para a modalidade. Segundo HP Klinger e Onnurbx, do grupo Funk Fockers, a visibilidade da dança de rua no programa olímpico pode resultar na diminuição do preconceito em torno de um dos elementos do hip hop.
“Eu faço diversas viagens pelo mundo e eu vejo que o breakin’ cresce cada vez mais e isso acabou despertando um interesse no pessoal (Comitê Olímpico Internacional – COI) dos Jogos Olímpicos de ter um experimento nos Jogos Olímpicos da Juventude para ver qual é o alcance, para ver como isso vai se desenvolver ao longo do tempo”, afirmou Klinger ao canal RDtv.
Para Onnurbx, a iniciativa do COI pode resultar na redução do preconceito com a arte. “Tem dançarinos de outros tipos de música que não consideram o breakin’ uma dança. Então isso pode ajudar e muito. Podemos seguir o mesmo caminho do skate, outra modalidade que tinha um preconceito artístico, mas que também está crescendo”, disse o bboy.
O skate foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Verão de 2020, em Tóquio (Japão). A intenção do COI é fazer com que a Olimpíada se aproxime do público mais jovem. Outra modalidade que entrou na competição é o surf. No caso dos skatistas já existia uma competição equivalente, o X-Games, considerado como a Olimpíada dos esportes radicais.
Nos Jogos Olímpicos da Juventude haverá três competições. Uma entre os bboys, outra entre as bgirls e uma competição mista. Vale lembrar que neste evento só podem participar atletas entre 14 e 18 anos. A Prefeitura de Diadema pretende investir em peneiras em conjunto com os grupos de dança do município para a formação de novos atletas.
Referência
Com passagem por mais de 30 países em nove anos de existência, o Funk Fockers virou referência para os praticantes da dança na América Latina, sendo o primeiro grupo a vencer competições em outros continentes. Com praticantes de Ribeirão Preto, Sumaré e Diadema, os bboys consideram que a modalidade já chama a atenção do público, principalmente daqueles que estão fora do cenário do hip hop.
“Muitas vezes entramos nas competições e começamos a ver senhoras, senhores que também querem assistir, querem conhecer, isso é muito bom. Isso também pode incentivar com que jovens possam querer praticar, conhecer e assim formar os novos bboys, bgirls que podem competir”, disse Klinger.
Como boa parte das modalidades esportivas no Brasil, o apoio de patrocinadores é ainda muito baixo, mesmo para aqueles que têm um nome mais consolidado com este público. “Muitas vezes temos de ter algum trabalho paralelo para bancar a nossa participação nos eventos, nos torneios. Espero que a Olimpíada faça com que se tenha mais apoio para essa arte”, completou Onnurbx. Diadema também tem vários outros bboys que viraram referência na área como Luan San.