Vereadores da oposição ao prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), tentam emplacar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os concursos públicos realizados na gestão do antecessor Paulo Pinheiro (PMDB). A estratégia foi endossada por alguns parlamentares governistas, mas contraria o governo tucano, pois teria a USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) no epicentro da apuração.
A proposta de CPI teve origem durante a discussão do projeto de lei, enviado pelo Palácio da Cerâmica, o qual autoriza o DAE (Departamento de Água e Esgoto) a usar créditos suplementares de R$ 910 mil pela contratação de uma empresa terceirizada para prestar serviços públicos, em sessão extraordinária na manhã desta quinta-feira (22). A matéria foi aprovada sem dificuldades, apenas com os votos contrários dos oposicionistas Jander Lira e Chico Bento (ambos do PP), e de César Oliva (PR).
Ligados politicamente a Pinheiro, os dois parlamentares progressistas criticaram a redação, alegando que o DAE já tinha feito concurso público em 2015 e bastava chamar os aprovados do processo seletivo ao quadro de funcionários da autarquia. Como resposta, o governista Edison Parra (PSB) retrucou, lembrando das suspeitas de irregularidades no chamamento público, que teve erros apontados pelo TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo).
A reação dos dois oposicionistas veio com o pedido de CPI para investigar o concurso do DAE e da Prefeitura de São Caetano, organizados pelo Caipimes (Coordenadoria de Apoio a Instituições Públicas), setor da USCS responsável pela elaboração das provas. O requerimento teve o apoio de quatro governistas: Marcel Munhoz (PPS), Sidão da Padaria (PMDB), Carlos Humberto Seraphim (DEM), e Ubiratan Figueiredo (PR). As sete rubricas são o mínimo necessário para a comissão ser votada em plenário.
No entanto, a ação dos vereadores da base aliada não agradou o núcleo duro de Auricchio, que internamente os pressionou pelas retiradas das assinatura do requerimento. A oposição, porém, não teme a pressão do Palácio da Cerâmica. “Temos mais dois vereadores que garantiram que se os outros retirarem as assinaturas, eles mesmos assinam. A CPI servirá para ajudar e limpar o nome da USCS”, aponta Jander.
Por ser um dos primeiros vereadores aliados ao governo a assinar o requerimento, o RD procurou Munhoz, que ao atender, pediu para ligar em 30 minutos. No entanto, o parlamentar não retornou às chamadas da reportagem passado esse tempo. A última tentativa foi às 21h05 desta quinta-feira.
Ao RDtv realizado horas depois, o presidente da Câmara de São Caetano, Pio Mielo (PMDB), explica que ainda não recebeu o requerimento para ser analisado. “O documento não foi protocolado, então não chegou às mãos da presidência. A informação que chegou é que há sete assinaturas para a presidência analisar e colocar em votação”, pontua.
A oposição apenas aguarda as cópias taquigráficas de Parra para protocolar o documento com as sete assinaturas.