Idosa fica sem benefício por causa de erro do INSS

Às 4h30 desta sexta-feira (8), Leonilda acordou a mãe, dona Almelina Fogaça de Oliveira, de 85 anos, que sofre do mal de Alzheimer, é diabética, tem problemas de coração e dificuldades para andar. Era preciso providenciar o banho, dar o café e os remédios a tempo de colocá-la no carro e levá-la de São Bernardo, onde mora, ao centro da capital.

Até as 8 horas, dona Almelina precisava estar no posto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Rua Xavier de Toledo, para provar que estava viva e ter direito ao seu benefício. O pagamento de dona Almelina foi um dos bloqueados pelo INSS em 1º de junho por problema no recadastramento que está sendo feito pelo Ministério da Previdência Social.

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O Ministério está atualizando dados de 17,2 milhões de aposentados, num processo iniciado em outubro de 2005 e previsto para terminar em agosto deste ano. Um balanço parcial mostra que já foram recenseados em todo o País 16,4 milhões de aposentados, com números como 65,3 mil benefícios cessados, 433,3 mil cancelados e economia anual de R$ 368,9 milhões. Para evitar filas, a Previdência recorreu à rede bancária pagadora dos benefícios para o recadastramento. O cuidado, entretanto, não foi suficiente para evitar situações desconfortáveis como a de dona Almelina.

O INSS na capital reconheceu que o problema não foi culpa dela nem de sua filha e procuradora Maria Elenir Furquim. Uma funcionária preencheu incorretamente o formulário de reemissão de visita a dona Almelina para comprovação de vida. A justificativa foi que, na época, havia sido modificado o formulário eletrônico de reemissão do documento e a funcionária não estava familiarizada com o novo formato.

Dona Almelina morava em São Paulo, com Maria. “A fiscal veio no início de dezembro à minha casa, mas minha mãe estava com minha irmã, em São Bernardo, e eu até me prontifiquei a levá-la lá”, explica Maria . “Ela disse que não precisava, que ia pedir à unidade de São Bernardo que fizesse a visita, mas isso não aconteceu.”

Na quarta-feira, quando foi ao banco receber o beneficio da mãe, Maria soube do bloqueio. Na mesma tarde, procurou a agência do INSS, onde foi orientada a trazer a mãe até a agência na sexta-feira. Quinze minutos antes do horário marcado, Maria e Leonilda chegaram hoje com dona Almelina ao prédio do INSS. Maria estacionou o carro na frente. “É proibido, mas vou parar aqui mesmo, não tenho como tirá-la do carro. Se receber multa, vou recorrer”, justificou e foi garantir seu lugar na fila, atrás de 52 pessoas.

Um pouco depois de 8h30 um fiscal saiu da agência e deu uma rápida olhada dentro do carro, suficiente para que dona Almelina passasse na prova de vida. Mas o benefício ela só vai receber na próxima quarta-feira. (AE)

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