Rússia não dá explicações reais para embargar carne brasileira

A ameaça do governo russo de substituir as importações de carne bovina do Brasil pelo produto de outros países da América Latina está sendo encarada em Brasília como uma pressão pouco fundamentada. Desde que os técnicos russos embargaram as exportações de onze frigoríficos brasileiros no final de maio, nenhum documento oficial com os reais motivos da suspensão dos embarques foi apresentado até o momento. Nem mesmo as “bactérias perigosas” às quais a agência russa de saúde animal e vegetal se refere foram identificadas para que o governo brasileiro pudesse averiguar.

Sobre os problemas apontados nos certificados de exportação, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, admitiu que existem “fragilidades” no sistema, mas não endossou a afirmação de que exista falsificação de documentos em larga escala. Ele garantiu que até o final de junho estará pronto um novo modelo mais seguro e que já atenda às exigências russas.

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Segundo o secretário, o novo documento terá marca holográfica e padrões de segurança usuais no papel-moeda utilizado no Brasil. “Os itens de segurança irão mudar para que não haja a chance de fraudes nesses certificados”, disse Kroetz antes de embarcar para a Rússia. A melhoria no sistema de certificação foi pedida por uma delegação russa que esteve no Brasil no ano passado.

A missão brasileira que embarcou para a Rússia nesta semana apresentará informações sobre a qualidade e sanidade da carne bovina, além de documentos que mostram as medidas tomadas pelo governo brasileiro para evitar fraudes ao longo de todo o processo de exportação.

Especula-se que os russos estariam usando essa estratégia para derrubar o preço da carne brasileira, que passou a ser muito valorizada após os problemas de seca na Austrália e vaca louca nos Estados Unidos. Esses fatores deixaram o Brasil como principal fornecedor mundial de carne bovina e motivou uma valorização nos preços.

A missão brasileira vai solicitar também a retomada das exportações de carne suína de Santa Catarina para o mercado russo, já que o Estado já foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação. (AE)

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