Emprego na indústria cresce 1%; folha de pagamento avança 5,4%

O emprego industrial mostrou resultados positivos em fevereiro, respondendo à alta na produção e às expectativas positivas dos empresários neste início de ano. A ocupação da indústria cresceu 0,3% ante janeiro e 1% ante igual mês do ano passado, enquanto a folha de pagamento real aumentou, respectivamente, 3,6% e 5,4%. No primeiro bimestre do ano, o emprego acumulou alta de 1% e a folha, de 4,7%. Isabella Nunes, economista da coordenação de indústria do IBGE, avalia que o mercado de trabalho industrial está refletindo a reação do setor no quarto trimestre do ano passado – já que o emprego responde com alguma defasagem aos movimentos da produção – e ao otimismo de empresários que tem sido diagnosticado em sondagens industriais.

A economista afirmou que o emprego industrial não cresce com maior vigor porque os segmentos mais empregadores, como calçados e vestuário, não tem apresentado reação mais forte na produção, por causa de problemas com o câmbio, e continuam registrando resultados negativos no emprego. “Qualquer estímulo nesses segmentos gera muita reação no emprego”, disse.

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Os principais impactos negativos para a ocupação industrial em fevereiro, ante igual mês do ano passado, foram dados por calçados e artigos de couro (-8,2%), vestuário (-6,0%) e madeira (-5,8%). Por sua vez, o segmento de alimentos e bebidas, que tem registrado bom desempenho na produção, puxou o aumento da ocupação industrial em fevereiro, com expansão de 6,1% ante igual mês de 2006. Segundo Isabella, esse segmento responde por 20% do emprego industrial e, relativamente, é mais empregador que os demais setores que vem registrando maior dinamismo na produção.

Para Edgard Pereira, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os resultados do mercado de trabalho industrial em fevereiro foram “bons”, mas há incertezas no horizonte para os próximos meses. Segundo ele, o crescimento do emprego ainda é modesto e há o empecilho do crescimento da ocupação em poucos setores da indústria, “problemas que só um crescimento maior da economia poderá dissipar”.

A distribuição de lucro em empresas do setor químico e de extrativa mineral deu maior magnitude ao aumento da folha de pagamento real da indústria em fevereiro, observou Isabella. No segmento de produtos químicos, o aumento foi de 27,0% e na indústria extrativa, de 16,2%. Ela explica que esses segmentos, além de ter distribuído lucros, pagam salários acima da média da indústria, o que pressionou a folha para cima.

Mas, segundo ela, mesmo que o aumento da folha ocorresse em menor magnitude se não houvesse a distribuição de lucros em alguns setores, a tendência positiva permaneceria. Segundo ela, reajustes salariais e o “controle inflacionário contínuo” mantêm a influência positiva sobre a folha de pagamento do setor. (da AE)

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