ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Olice Raiza: de Rei dos tijolos a empresário de sucesso em S. Bernardo

Quando jovem, Olice Raiza, hoje empresário da construção civil, nem pensava que de tijolo em tijolo iria se tornar um exemplo a ser seguido e muito menos imaginava que seus tijolos colaborariam com a construção da história de São Bernardo. Suas peças foram fundamentais para a construção de hospitais, igrejas e deram formas aos desenhos futuristas do arquiteto Oscar Niemayer para a construção de Brasília. Aos 77 anos, o empresário nascido em Jundiaí (SP), fundador da construtora Ipoã, em São Bernardo, nunca freqüentou a escola e é um dos empresários mais bem-sucedidos no ABC.

Filho de imigrantes italianos, Alberto Raiza e Maria Grisoto, Olice trocou as brincadeiras de infância para ajudar o pai que trabalhava em uma olaria. E com apenas oito anos carregava os caminhões de tijolos que abasteciam a construção do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu.

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Todos os dias, durante três anos, o pequeno Raiza deixava o bairro Sacadura Cabral, em Santo André, onde morava com a família, e embaixo de sol e chuva ia até São Paulo trabalhar como ajudante. Na viagem, os olhos recebiam um presente que Raiza nunca esquece: à época a avenida Paulista, ainda tomada de terra, ganhava suas primeiras formas. “Eu trabalhava sem camisa, porque eu só tinha uma e deixava para usá-la aos domingo”, diz.

Sem se arrepender da infância pobre, Raiza afirma sentir falta daquele tempo e que gostaria que voltasse tudo novamente. “Nunca sofri por ser pobre. Sinto saudades de tudo que passei”, destaca.

Aos 22 anos, casou-se com dona Elza com quem tem dois filhos, João Luiz e Clara Maria, comprou uma bicicleta para pagar em 15 prestações e logo após adquiriu uma carroça para entregar pães, inclusive em locais onde ninguém queria ir. “Com a carroça cheguei a ser o padeiro número um porque os outros não iam aonde eu vendia. Ás vezes quando a estrada era muito ruim e eu sabia que teria de passar por lá ia uns dois dias antes, arrumava a estrada para eu poder passar com a carroça”, conta.

Como não sabia ler nem escrever, Raiza confiava nas pessoas e pedia para que elas mesmas anotassem o quanto havia gasto. Para aumentar a receita, começou a vender sacos de farinha para a confecção de camisas e cuecas.

Pães

Cansado de ser empregado, aos 24 anos Olice vendeu a carroça e comprou uma olaria na vila Balneária. Os seus tijolos serviram para a construção da estação de tratamento e bombeamento de água da Represa Biliings. “Comprei o terreno sem ter o dinheiro. Assumi o compromisso para pagar em cinco meses.

Nessa época meus tijolos iam para Brasília, embarcados de avião no aeroporto de Congonhas, e cheguei a ser chamado de “Rei dos tijolos. Eu fabricava 1,3 milhão tijolos por mês. Seus tijolos também construíram as fabricas da Volkswagen, da Ford, Mercedez, entre outras,além de terem colaborado para a construção de várias igrejas, entre elas Matriz de São Bernardo, Riacho Grande, Piraporinha, além das delegacias do primeiro, segundo, terceiro e quarto distritos policiais de São Bernardo.

Empresário

Em 1969, o empresário vendeu o terreno da olaria para a fábrica de calçados Rainha e em 1970 ingressa no ramo da construção civil . Compra um terreno em São Bernardo, onde constrói e vende dois sobrados. Logo depois, constrói e vende outros seis e contribui para a abertura de diversas ruas na cidades, entre elas Militão Barbosa de Lima, José Odorizi e parte da avenida João Firmino.

Em 1973 funda a Ipoã, que nesses 32 anos de existência já foi responsável pela construção de cerca de seis mil unidades, distribuídas entre apartamentos, casas e sobrados, entregues em São Bernardo e Sorocaba. Para Raiza, o sucesso de sua trajetória é atribuído por sempre acreditar nas pessoas. “Perdi dinheiro, mas isso faz parte de qualquer negócio, mas a coragem elimina o medo. Se não tem coragem não adianta começar porque não vai dar certo”, confidencia.

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