No final de janeiro de 2015, a Prefeitura de Santo André derrubava as últimas casas que ainda estavam em pé na Favela Gamboa, que por cerca de 40 anos funcionou em um terreno de 35 mil m² no bairro Paraíso, ao lado do Parque Central e da Sabina.
Quase um ano depois, o RD voltou ao local e encontrou cenário preocupante. Além do entulho, que continua na área, há lixo acumulado com água parada – um convite para a proliferação de mosquitos como o Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
A reportagem encontrou pneus, garrafas e outros objetos com água acumulada (veja fotos abaixo). Pior do que isso: havia a presença de larvas – uma ameaça aos moradores da região, que podem ser picados pelos mosquitos que estão prestes a nascer.
Ironicamente, está marcada para o dia 30 deste mês – exatamente no dia em que a desativação da favela completa um ano – ação regional de combate à dengue, que será realizada nas divisas dos municípios.
A presença de larvas não é um caso isolado. A própria Prefeitura reconhece que encontrou situação semelhante em outras oportunidades.
Em nota enviada ao RD, a Secretaria da Saúde de Santo André afirmou “que a equipe de imóveis especiais da GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses) esteve no local no último dia 12” e “constatou entulho represando água, com a presença de larva, além de pneus e outros recipientes. Também se verificou vegetação alta. Na oportunidade, e dentro do possível, os criadouros foram removidos e, ao final, foi realizado o tratamento focal com larvicida”.
A recomendação de especialistas é que a eliminação de criadouros seja realizada pelo menos uma vez por semana, pois o desenvolvimento do mosquito, da eclosão do ovo até a fase adulta, demora apenas 10 dias.
A pasta informou ainda que “se trata de área pública” e que a GCZ já solicitou a limpeza da área para a secretaria responsável pela remoção do material.
Incorporação de terreno ao Parque Central emperra
O governo Carlos Grana (PT) diz que está desenvolvendo projeto para a área, que deverá ser incorporada ao Parque Central.
De acordo com a Prefeitura, esse projeto ainda não saiu do papel porque falta definir o que será feito do entulho presente no terreno, formado pelos restos das residências que foram derrubadas ao longo do processo de desativação da favela.
“O assunto continua sendo tratado com a Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo]. Ainda não temos a quantificação do material a ser retirado, porque projeto ainda está em análise. Após a definição os materiais serão removidos para aterro licenciado”, afirma a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, em nota.
A pasta complementa que a Cetesb “é a responsável pela triagem e o transporte dos materiais que lá estão e essas negociações estão em tramitação”.
O RD questionou a Prefeitura sobre a fiscalização e acompanhamento feito no local para coibir que lixo fosse jogado.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação informou que “a área está completamente interditada, não havendo possibilidade de acesso para se jogar lixo”. A informação, no entanto, não coincide com o que a reportagem encontrou. O terreno pode ser acessado facilmente.
Habitação
A Prefeitura de Santo André informou que a maioria das famílias retiradas da favela foi transferida para o Conjunto Habitacional Alzira Franco II.
O governo afirma que 176 famílias foram contempladas com unidades habitacionais nos Conjuntos Alemanha I e II e outras 104 famílias que passaram a receber auxílio-aluguel “estão em processo de mudança para o Conjunto Habitacional Procópio Ferreira, entregue em 28 de novembro de 2015”.