Donisete e Michels podem ter dificuldade para governar

Se o apoio da maioria dos vereadores é, notavelmente, um dos fatos que mais facilitam a condução de uma administração municipal, lidar com uma forte oposição do Legislativo pode resultar em problemas que podem travar muitas das promessas feitas durante o processo eleitoral.

Considerado como a grande surpresa das eleições do ABC neste ano, o prefeito eleito de Diadema, Lauro Michels (PV), pode ser o dirigente que mais encontrará problemas relacionados à colaboração do Legislativo. Apesar de obter 60,44% dos votos e de quebrar a hegemonia petista que já durava 30 anos na cidade, Michels terá de lidar com o fato de sua coligação ter elegido apenas seis dos 21 vereadores da Câmara, enquanto a coligação do PT conseguiu eleger 15 nomes.

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Especialista em Marketing Político e professor da Universidade Metodista de São Paulo, Kléber Carrilho acredita que a governabilidade de Michels pode ser garantida pela atuação de partidos que não assumiram postura mais combativa durante a corrida eleitoral. “É o caso do DEM, PPS e PMDB, que não estão nem de um lado, nem de outro”, ressalta. “É provável que parte desses vereadores possa ir para a base aliada. O PT irá fazer oposição, mas os outros podem ir normalmente, porque esta formação é constituída só no pós-eleitoral”, explica.

Já Michels demonstra calma com a possível turbulência e continuidade do embate com o PT. “As declarações de que farão a maior oposição da história não me preocupam nem um pouco, como vereador, eu sempre fiz uma oposição séria e espero que façam o mesmo. O que não podem é se colocar como donos da cidade, que é apenas do povo”, afirma.

Mauá
Em Mauá, a vitória de Donisete Braga (PT), que venceu a candidata do PMDB, Vanessa Damo, com 57,14% dos votos ante 34,81% de Damo, se tornou ainda mais emblemática devido ao forte teor polêmico observado durante todo o pleito, com inúmeros casos de acusações pessoais e distribuição de materiais apócrifos, que, aparentemente, prejudicaram mais a candidatura de sua adversária.

Braga também terá de lidar com a minoria na Câmara, pois sua coligação elegeu apenas seis dos 23 vereadores, desvantagem que, teoricamente, também pode criar problemas para a sua governabilidade. Algo que, junto ao clima quente presenciado nas eleições majoritárias poderia contaminar o clima do Legislativo, fato que não é considerado pelo próximo prefeito mauaense como uma possibilidade real em seu governo. “Trata-se de um poder democrático e autônomo, faremos a articulação para a formação da Mesa Diretora, mas sempre respeitando esta condição”, projeta.

Ainda de acordo com Donisete Braga, a experiência dos vereadores eleitos por sua coligação também será fundamental para que seu governo não enfrente nenhum tipo de problema na aprovação de projetos. “Ao mesmo tempo em que não possuímos nenhum vereador inexperiente, não creio que a base de oposição queira prejudicar um governo que nem começou”, finaliza, ao citar o bom senso e o objetivo de fazer o melhor pela cidade como outros aspectos que impedirão que a robusta oposição possa desfavorecer sua gestão nos próximos quatro anos.

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