Sexualidade deve ser discutida com os filhos

Conversa dentro de casa pode evitar gravidez e até mesmo dooenças (Foto: Marciel Peres)

Nem mesmo todos os avanços tecnológicos proporcionados à sociedade moderna mudaram tabus quando o assunto é sexualidade. O tema, que deve ser debatido dentro de casa segundo especialistas, muitas vezes é deixado de lado pela falta de conhecimento ou preconceito dos pais. Entre as consequências disso estão os índices de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada nos jovens.

De acordo com César Marinelli, médico assistente de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC, é dever dos pais conversarem com os filhos, principalmente quando a criança entra na puberdade. “A criança começa a sentir desejos novos e os pais têm de aconselhar para que ela possa exercer a sexualidade da melhor maneira possível”, explica.

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Prova da ausência do assunto, que abrange muito mais fatores do que pura e simplesmente o sexo, é a falta de conhecimento da especialização médica chamada hebiatra, que é o médico e o terapeuta especializados em adolescentes. “Muitas desconhecem o hebiatra. Outro exemplo é a inexistência de meninos nos consultórios do urologista”, defende Marinelli.

Para Oswaldo Rodrigues, psicólogo e terapeuta sexual do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade), discutir o assunto é maneira correta de ensinar aos filhos como construir futuros relacionamentos saudáveis. “Não estamos nos referindo a fazer sexo, mas como desenvolver ligações emocionais entre homens e mulheres com objetivo de formar uma família baseada em afetos amorosos”, explica. (Colaborou Larissa Marçal)

Cultura ainda é principal barreira
Existem inúmeros motivos que levam os pais a não discutirem a sexualidade com os filhos, mas a questão cultural é o principal deles. De acordo com Rodrigues, é quase uma regra na cultura ocidental não discutir sexualidade dentro de casa. “Somente nos últimos 60 anos é que se percebeu que o assunto deveria ser direcionado, debatido constantemente”, aponta.

Conscientizar sobre as mudanças do corpo e as psicológicas é maneira de introduzir o assunto. Marinelli explica que os pais devem tratar o assunto da maneira mais natural possível. “A sexualidade é tão explorada pela televisão que a criança vê com naturalidade”, explica.

Para tratar sobre sexualidade não existe idade fixa. O urologista ensina que entre 10 e 11 anos já é possível conversar com as meninas, já com os meninos o tema deve ser abordado um pouco mais tarde. “Eles costumam demorar um pouco mais para amadurecer”, explica.

A discussão sadia, iniciada em casa, pode evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e até mesmo uma futura gravidez indesejada.

“Adolescentes que recebem educação sexual afetiva, vinda dos próprios pais, tendem a postergar o início da vida sexual, porque eles aprendem, realmente, como utilizar processos de contracepção e compreendem a razão para não engravidar sem planejamento para o futuro da vida”, pontua Rodrigues. (LM)

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